Foto por Ayla Fazioli | © Todos os direitos reservados
A torcida ovacionava e comemorava com fervor a bola que sacudia a rede do time rival. De camisa oficial e bandeira amarrada nas costas, ela permanecia em silêncio, alheia ao que acontecia em seu redor. Sentada no assento que geralmente serve apenas para marcar lugar, sob o céu sem nuvens de Itaquera, a felicidade que lhe invadia a alma todas as vezes em que via o Corinthians entrar em campo fora tomado por um súbito vazio no peito, um desnorteio que doía e apertava aos pouquinhos – e cada vez mais forte – seu coração. Ela ainda lembrava da primeira vez que o levara ali, explicando passes, apresentando jogadores, fotografando sorrisos e animada por estar ao lado dele na Casa do Povo.
A foto da carteirinha de Fiel Torcedor dele havia sido tirada por ela, num cantinho que ela agora evitava olhar para não reaver as memórias. A camisa, as canecas e todos os objetos que lembravam o brasão do time passaram a decorar a casa dele também, que fez questão de aprender hino, os gritos de guerra, as piadas com os times rivais e se emocionava como torcedor de longa data a cada jogada bem executada. Os ingressos comprados por ele tinham sido a última razão do sorriso de ambos, duas semanas atrás. O assento vazio ao lado do seu, naquela final de Campeonato Paulista era onde ele devia estar, pulando feito criança contente, batendo no lado esquerdo do peito o amor ao brasão corintiano.