tag:blogger.com,1999:blog-14389404349231049782024-03-23T16:13:16.068-03:00Conto PaulistanoBlog de uma paulistana que não entendeu ainda como funciona a vida adulta. Textos autorais, listas aleatórias e indicações musicais.Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.comBlogger53125tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-7006548701311999292019-02-18T12:32:00.000-03:002019-02-19T12:19:35.069-03:00Neste dia<img src="https://c2.staticflickr.com/8/7725/27055723585_e4bfacd7e2_b.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="750" />
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<span style="color: #666666; font-size: x-small;">Foto por <a href="https://www.flickr.com/photos/aylabeatriz/">Ayla Fazioli</a> | © Todos os direitos reservados</span></div>
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A torcida ovacionava e comemorava com fervor a bola que sacudia a rede do time rival. De camisa oficial e bandeira amarrada nas costas, ela permanecia em silêncio, alheia ao que acontecia em seu redor. Sentada no assento que geralmente serve apenas para marcar lugar, sob o céu sem nuvens de Itaquera, a felicidade que lhe invadia a alma todas as vezes em que via o Corinthians entrar em campo fora tomado por um súbito vazio no peito, um desnorteio que doía e apertava aos pouquinhos – e cada vez mais forte – seu coração. Ela ainda lembrava da primeira vez que o levara ali, explicando passes, apresentando jogadores, fotografando sorrisos e animada por estar ao lado dele na Casa do Povo.</div>
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A foto da carteirinha de Fiel Torcedor dele havia sido tirada por ela, num cantinho que ela agora evitava olhar para não reaver as memórias. A camisa, as canecas e todos os objetos que lembravam o brasão do time passaram a decorar a casa dele também, que fez questão de aprender hino, os gritos de guerra, as piadas com os times rivais e se emocionava como torcedor de longa data a cada jogada bem executada. Os ingressos comprados por ele tinham sido a última razão do sorriso de ambos, duas semanas atrás. O assento vazio ao lado do seu, naquela final de Campeonato Paulista era onde ele devia estar, pulando feito criança contente, batendo no lado esquerdo do peito o amor ao brasão corintiano.<br />
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Ela ainda quieta, olhou o telão do seu lado esquerdo e sorriu triste ao ver o placar que já despontava uma vantagem de três gols em cima do time visitante. Ele ficaria feliz em acompanhar de perto aquele jogo. Naquele momento ele já teria a pegado no colo uma cinco vezes e a beijado com vontade, teria abraçado todos os torcedores ao seu redor e aplaudido tanto que as palmas das mãos estariam vermelhas. Ele ficaria feliz… Se pudesse estar ali. Ouvindo ao longe os gritos da torcida que ecoavam pela zona leste de São Paulo, seu celular vibrou com uma notificação do Facebook. Nas lembranças pra recordar, uma foto dos dois, naquele mesmo lugar, ele de sorriso largo e olhos brilhando e ela envolvida ao redor dos braços dele. Na legenda, um simples “Vai Corinthians!”. Na data daquela foto, o time não foi, não ganhou. Um ano depois a notificação veio para salvá-la da dor que apertava.</div>
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A ligação que destruiu seu mundo ainda se repetia na sua mente. Lembrava com nitidez do cenário do acidente, aquela camisa de edição especial que ainda iria pagar a primeira parcela, envolta num corpo já inerte sendo fechado por um zíper que em nada se assemelhava com o sorriso do seu cotidiano. Eram os últimos dois minutos de jogo e, de repente, a dor cessou um pouco e sentindo a presença dele ali perto, naquele assento vazio, ela secou as últimas lágrimas que teimavam em escorrer, puxou o máximo de ar que pôde e gritou até sentir a gargante arder “Vaaai Corinthiaaans!”. Fim de jogo. Timão campeão do Paulista. Como ele faria, ela abraçou os torcedores ao redor e aplaudiu até sentir as próprias palmas ficarem vermelhas. Ele ficaria feliz se pudesse estar ali, então ela se forçaria a ficar em dobro, pelos dois.</div>
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Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-29325479672318015732018-12-01T20:49:00.000-02:002018-12-01T20:49:01.690-02:00Compartimento<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrh2Ci1w2DTcncpolY4sfmgtOEJkiXLCLJxvq7ZmGr_T9eRRDfzp3khEABdNGaxAX3jlh_k_FMMgf7dYU9s8HA8TAMVozSDKrmQr-E2s8FjrSfhpPeBaRFhubx9OW1qKN8pJrssrNiWX1X/s1600/kaboompics_A+blurred+Christmas+tree+on+a+navy+blue+background.jpg"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrh2Ci1w2DTcncpolY4sfmgtOEJkiXLCLJxvq7ZmGr_T9eRRDfzp3khEABdNGaxAX3jlh_k_FMMgf7dYU9s8HA8TAMVozSDKrmQr-E2s8FjrSfhpPeBaRFhubx9OW1qKN8pJrssrNiWX1X/s640/kaboompics_A+blurred+Christmas+tree+on+a+navy+blue+background.jpg" width="750" /></a></div>
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Foi retirada do compartimento pequeno e úmido que a enclausurava num canto escuro da garagem. Meses soterrada sob os entulhos de restos de histórias e dejetos que não deviam vir a público por não merecer o convívio familiar cotidiano. Sob a claridade que a tomou de supetão, arqueou os braços desgastados de maneira tímida, deixando à mostra os arranhões e amassados que lhe causava um aspecto assustador ao espectador mais desavisado. Prostrada sobre uma base, a expuseram na sala de estar, trataram-a com a dignidade que não recebera há tempos. Renovada, ganhou um ar imponente e uma aparência lustrosa que causaria inveja aos vizinhos que viessem reparar em seus detalhes há pouco encaixotados. Ganhou decorativos ao redor do corpo, um adorno no topo do corpo e luzes que piscavam conforme um botão lhe indicasse. Uma vez por ano seu momento de glória merecido, mesmo árvore de ramos artificiais, servindo para trazer um pouco do espírito natalino que bem poderia estar presente o ano inteiro.</div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-53700295582690474422018-10-29T18:10:00.000-03:002018-10-29T18:10:20.687-03:00Muro esponjoso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbnvP9Uq28E8rm3-dEpZN-LQRCAKc-h8BnTA2e7A8o30WEJBYMeeDZk_OejvPzgZ6rJdjd0WphQlJ914DsUJIUoxRKq0Q7gMLeXK1ZmN-iqLrhYQkup3iIGV-oybU0BUUBbp0qh8m-Cpaz/s1600/pexels-photo-137077.jpeg"><img data-original-height="853" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbnvP9Uq28E8rm3-dEpZN-LQRCAKc-h8BnTA2e7A8o30WEJBYMeeDZk_OejvPzgZ6rJdjd0WphQlJ914DsUJIUoxRKq0Q7gMLeXK1ZmN-iqLrhYQkup3iIGV-oybU0BUUBbp0qh8m-Cpaz/s640/pexels-photo-137077.jpeg" title="Photo by Pineapple Supply Co. from Pexels" width="750" /></a></div>
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<b>Às vezes, sou parede</b>. Recebo crítica na mesma medida que as rebato. Sigo firme, sólida, na rigidez do muro de concreto que não se abala. Nesses dias, nenhuma tempestade é capaz de atravancar o caminho da parede que teima em se conservar rígida em sua extensão. Mesmo com marcas de tempo, uns riscos, umas lascas caídas por chão, se mantém estável. Queria eu poder todos os dias ser parede.</div>
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Como quem não entende em que ponto há essa mudança na mente, tem dias que sou esponja. Um "bom dia" mais sério me despedaça. Uma discordância de ideias, uma desconfiança de capacidade. O suficiente para me desmontar inteira. <b>Às vezes, sou esponja</b>. Absorvo até o que não devia ser sentido como negativo. Inundada de tanta negatividade, me desabo em lágrimas. Sabe como é, esponja que precisa se esvaziar.<br />
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Psicologicamente inconstante. Mentalmente cansada. Seguindo em frente – enfrentando – porque não sobra muito para quem não tem escolha a não ser se manter forte. Mesmo que doa e pareça dilacerar cada pedacinho por dentro. Num mundo ideal eu permaneceria parede o tempo inteiro. Eu sorriria para qualquer adversidade. Eu voltaria tranquila para a psicóloga dizer feliz que superei mais uma semana complicada.</div>
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Mas o mundo perfeito não existe. E, mesmo que exista, está distante demais para todos nós. Amélie ouviu que <b>"são tempos difíceis para os sonhadores".</b> Vou além da frase. São tempos difíceis para todos que, de muros, se tornam esponjas num estalar de dedos. Para todos aqueles que sentem cada mudança com tanta intensidade quem choram de rir, choram de medo, choram de nervoso, choram pela necessidade de esvaziar-se. Dias de luta, dias de glória. Dias de riso, dias de lágrimas.<br />
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Muro esponjoso. Ora com a autoestima elevada, ora se deixando levar pelo menor comentário alheio. Às vezes otimista com os dias futuros, mas quase sempre desacreditada se vale a pena mesmo continuar lutando. Luto que já é verbo para milhões de brasileiros pelo simples sentido de sair de casa para enfrentar uma rotina de trabalho, ganhou ressignificação nas últimas semanas. Difícil se manter parede já que, com maior frequência, o lado esponja tem se deixado absorver pelo mínimo dos mínimos.<br />
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Aí voltam as músicas depressivas. Voltam as lágrimas a rolar. Voltam as palavras que me servem de válvula de escape. Voltam todas as válvulas necessárias a cada um de nós, sonhadores dos tempos difíceis. Queria eu poder todos os dias ser parede. Queria eu ser forte todos os dias. Queria que a esperança se mantivesse aqui dentro, mas de vez em quando, o que bate forte – espanca até – é o desespero. A bandeira nacional devia ser toda amarela. Se não é oficialmente, a minha é. Um gigantesco muro esponjoso tingido de amarelo.* Prestes a absorver toda a negatividade, prestes a se desaguar, prestes a desabar.<br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-size: x-small;">*Caso alguém não tenha entendido a referência, é uma menção à Benedita da Conceição, aposentada que deu seu próprio significado às cores da bandeira nacional. O meme viralizou no início do ano passado e você pode conferir <a href="https://twitter.com/luscas/status/866763433756250113"><b>aqui pelo user do @luscas no Twitter</b></a>.</span></blockquote>
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Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-56472997949751198232018-01-02T12:30:00.000-02:002018-01-02T12:30:06.592-02:00Indigente<div style="text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1E9AQmB6nV7lrjx2MploYfZQBFZcWSnquEihw5Fyj5jAnVXDwCBvcl0YxhIV7lSs_0MemBU1naJwYYo6akJpViwv6WAZwhv-nzQgjMlbi55V7mCiWMqkwJJ3pbOIHv4C9yhl0EQoND0sd/s1600/cooper-smith-351970.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1E9AQmB6nV7lrjx2MploYfZQBFZcWSnquEihw5Fyj5jAnVXDwCBvcl0YxhIV7lSs_0MemBU1naJwYYo6akJpViwv6WAZwhv-nzQgjMlbi55V7mCiWMqkwJJ3pbOIHv4C9yhl0EQoND0sd/s640/cooper-smith-351970.jpg" width="750" /></a></div>
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Antônio Silva, 43. Tinha quatro filhos, Claudia, de cinco, Marcos, de onze, Lívio, de quatorze, Catarina com dezenove. A mulher, Luzinete Cardoso, tinha 36. Viviam todos numa casa simples com cinco cômodos num bairro pobre da zona leste. Antônio, operário numa indústria de laticínios. Luzinete, diarista. Catarina, atendente de lanchonete. Claudia achava o máximo o pai saber fabricar queijo — era doida por eles. Os meninos sonhavam com um videogame e a mais velha, apesar de amar a família, queria casar com um cara da alta sociedade. Ser rica, ir morar no Morumbi. Luzinete tinha as mãos calejadas tal qual à de um pedreiro, também pudera, seu trabalho era árduo. Em véspera de feriado importante, Antônio ganhava algum brinde da empresa. Quando a Páscoa chegava, um ovo era dado pra cada membro da família — e Claudia dizia que queria ser operária igual ao pai.</div>
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Em plena sexta-feira santa, Antônio quis fazer sua família mais feliz. Além dos ovos, tirou quase todas as suas economias do banco e levou uma batedeira pra casa. Comprada nas Casas Bahia, em pleno feriado, quando os vendedores não dão a mínima se você quer levar alguma coisa ou não. Saiu contente. Mochila nas costas e sacolas nas mãos.</div>
<a name='more'></a><br />
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Foi recebido com abraços, pedidos de bênçãos, beijos e sorrisos. Só Claudia notara a caixa branca dentro da sacola.</div>
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— Quê que tem aí, pai? — Apontou com o dedinho miúdo enquanto pulava ansiosa deixando o cabelo cacheado cair-lhe sobre o rosto angelical.</div>
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— Uma batedeira, Clau.</div>
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— Ahn?</div>
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— Um <i>fazedor</i> de bolo.</div>
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— Uau! — A menina escancarava a boca como se fosse a melhor invenção da galáxia.</div>
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<br /></div>
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Não eram do tipo de família que tinham em casa diversos produtos eletrônicos, afinal não dispunham de dinheiro para tal. Antônio trabalhava na zona Norte. Pegava dois ônibus, um trem e dois metrôs pra chegar no trabalho. Saía antes do sol raiar e só voltava bem depois de a noite ter chegado.</div>
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<br /></div>
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Nas festas juninas, como parte da tradição da família, comprava milho na feira de rua perto de onde moravam e levava pra casa, pra assar numa churrasqueira improvisada com tijolos. A meninada corria polvorosa pra perto do pequeno fogo. Era a maior festa que tinham no ano e todo mundo ficava feliz ali.</div>
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<br /></div>
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Antônio era da roça, criado pra trabalhar e sustentar filho. Nunca dizia que os amava, apesar de o sentir. Nunca os abraçava, apesar de o querer. Nunca dava um beijo na testa das crianças como os pais de novela faziam, mesmo que o quisesse fazer. Achava que podia soar maricas para os filhos machos que tinham.</div>
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<br /></div>
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Num feriado sem importância (desses que todo mundo trabalha do mesmo jeito), comprou um saco enorme de jujubas pra estragar os dentes de suas crias. Depois de uma conversa longa com um amigo de fábrica, decidiu dar o devido valor a família. Dizer que amava todos, mesmo que — na cabeça dele — fosse só obrigação de mulher. Descia na avenida com jujubas numa sacola amarela, quando um vulto preto passou em alta velocidade levando-lhe a vida. Uma multidão corria apressada em sua direção enquanto jujubas de todas as cores ainda caíam do céu. Antônio não disse que amava, nem pôde saber qual era sabor que cada cor de jujuba tem. Antônio só existiu num mundo em que viver é coisa de segundo plano. Foi só pai de família.<br />
<br />
Mas limpem a rua.<br />
Removam o carro.<br />
Cubram o corpo.<br />
Liberem passagem.<br />
Olha o trânsito que atrapalha nossa rotina.<br />
Tinha que morrer justo hoje que tenho compromisso.<br />
Manoela vai perdoar o meu atraso por causa desse acidente?<br />
Alguém enterre como indigente que o homem não trazia documento.</div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-217286448580559632017-12-29T22:19:00.001-02:002017-12-29T22:19:46.021-02:00Antivírus<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvhyphenhyphenahIO1Z2zHBew94kXAysE7WiMk-9dRqlj_BRuQHH0zLBXhLM6YCKtjJYXcq93ZB7juJE1vyznIOp4QApIGr3FGtgwJFPuNY3tkLiKFgE-eOaIMx7vhHrKB3yEDPcQITTWnVNU-LG3b_/s1600/sean-brown-2380.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvhyphenhyphenahIO1Z2zHBew94kXAysE7WiMk-9dRqlj_BRuQHH0zLBXhLM6YCKtjJYXcq93ZB7juJE1vyznIOp4QApIGr3FGtgwJFPuNY3tkLiKFgE-eOaIMx7vhHrKB3yEDPcQITTWnVNU-LG3b_/s640/sean-brown-2380.jpg" width="750" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br />
Ora quer saber?</div>
<div style="text-align: center;">
Deletei você, limpei do HD</div>
<div style="text-align: center;">
Apaguei seu vírus da programação</div>
<div style="text-align: center;">
Sem definição, seu arquivo vai</div>
<div style="text-align: center;">
Rapidinho fugindo da memória</div>
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<b>(Delete - Lulu Santos)</b></div>
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<b><br /></b></div>
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<i>Todo fim abre possibilidades de um começo. A gente reinicia do final.</i></div>
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<i>Repete o ciclo. Aprende o caminho. E para de se perder nas encruzilhadas.</i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Seu contato ainda permanece ali. Do mesmo jeito em que centenas de dias atrás você me pedira pausadamente o meu celular para incluir seu número, seu nome permanece como que quimera a reduzir o espaço para novos contatos, novas possibilidades. O aplicativo de mensagens ainda mantém aquela conversa esquecida no fim da lista. Aquela última vez em que eu fui a primeira a cumprimentar e a última a me despedir. Eu reli cada balão de texto daqueles dias no intuito de que aquilo pudesse voltar para mim. Mesmo que no fundo da alma ribombasse a palavra doentio, carnal, egoísta. Era apenas o que você via quando falava sorridente comigo. Eu tentei fingir sentir o mesmo por algum tempo. Me enganei e repeti em voz alta que não queria nada além daquilo como maneira de tentar acreditar na minha própria mentira, só que eu nunca consegui. No fundo, mesmo quando, sozinha à noite em minha cama, eu revirava os olhos ao fantasiar seu corpo despido sobre meu peito nu, eu também podia sorrir terna ao imaginar nós dois de mãos dadas, sentados sobre a grama ainda fria da manhã de outono, abraçados por minutos a fio, sem conversas para dispersar. O vento que bagunçava meus cachos pelo rosto. O meu e o seu. Meu ombro servindo de travesseiro ao seu rosto e eu deitando o meu rosto sobre o seu. E o pulsar ritmado dos nossos corações compunha a trilha sonora eloquente daquele sonho cinematográfico na minha mente. Que sempre vinha seguido da decepção, da desilusão. Eu tentei me enganar, Bê, mas eu nunca fui dessas. Por vezes eu juro pra você que eu queria conseguir ser. Só que eu idealizo demais. Crio expectativas demais. No fundo, eu <b>sempre amo demais</b>. Tinha todo aquele gosto de descoberta que você, mais maduro e experiente, quis que eu aflorasse e entregasse a você, mas também tinha o sentimento que eu queria negar a mim mesma. Havia o carnal - e como havia -, mas no fim de cada semana o que povoava meus pensamentos sobre você era o que o meu coração mandava, não os meus hormônios.</i></div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
<i>Cobrindo parte da memória do meu celular, você ainda, descaradamente, permanece também na minha. Aquelas poucas semanas, as conversas e palavras de duplo sentido e um caminho que só podia ser criado na minha cabeça. <b>Ainda bem que eu sou totalmente coração, mas também sei pensar direito quando necessário</b>. Eu não me entreguei, mesmo que cada célula do meu corpo vibrasse em resposta à sua voz. Mesmo que cada vez que eu fechava os olhos e inspirava o ar quente expelido das suas narinas eu podia criar todo um novo final pra esse começo. Que tola eu fui. De tanto viver em meio à enredos literários, passei a querer criar o meu próprio felizes para sempre. Mas, Bê, a vida real não nos permite trocar de canal, como Humberto Gessinger canta por aí. E eu aprendi da pior maneira que não iria ser do jeito que imaginava. Que você, grande e aparentemente maduro era bem pouco para o que eu podia oferecer. Aqui dentro eu sou criança, ainda não aprendi a ser mulher. Mas aquela que eu gostaria de desenvolver não merece compartilhar da sua presença. Nem dividir a cama contigo, muito menos permitir a si ter o corpo tocado por alguém tão mesquinho. Nosso corpo é nosso templo, repetem gurus na mídia. Eu acredito em parte de toda essa fraseologia. Mas eu sou minha deusa, Bê. Sou Helena de Troia a desbravar as batalhas dos próprios caminhos. Sou Atena, Artemísia e até Perséfone nos piores momentos. Mas eu sou uma deusa independente. Me despedaço quando lembro de você, mas de caco em caco eu junto o que caiu e com o Hefesto aprendo a habilidade de recriar. Fênix também sou. Mas já não morro por ti. Aprendi a renascer para mim mesma.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Um dia me disseram que só consigo ser sã num mundo louco e sóbria numa sociedade embriagada porque eu escrevo. Porque exorcizo meus demônios quando interajo com o poder místico das palavras. Sabe Bê, eu nunca te chamei assim também, mas isso era uma das muitas possibilidades que eu criei naqueles enredos imaginários. Ontem à noite eu assisti um </i>reality show<i> de construção civil e, mesmo não conseguindo explicar o porquê do meu interesse à assuntos tão aleatórios, ver aquelas demolições em massa mexeu em alguma coisa aqui dentro. Eu quis me reconstruir. E hoje pela manhã, quando eu acordei, eu pude perceber que precisava te arquivar no fundo das minhas memórias. Com o mesmo celular em que você, naquela tarde que eu ainda teimo em relembrar, me pedira pausadamente para incluir o seu número. De Word e coração aberto, eu redigi aqui meu próprio exorcismo. Escrevi numa tela pequena o que eu sinto pintado num muro enorme aqui dentro do peito. Eis me renascida. Eis me aqui, sã de novo. Exorcizada de você. Escrevendo e me fortalecendo como aprendi ser capaz de fazer desde bem antes de te conhecer.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Bê, essa é a última semana do ano e eu fico feliz por ter a certeza que não vou te levar comigo. Que você vai ficar marcado como parte desse ano. O mesmo que te conheci. O mesmo que te arquivei aqui dentro. Os erros vem para aprendizados e eu agradeço à oportunidade que a vida me deu de aprender mais um pouco. </i>Por mais que a gente cresça, tem sempre alguma coisa que a gente não consegue entender.<i> Eu não consegui entender que não era possível de acontecer. Que boa parte de tudo era <b>a história em que eu quis acreditar</b>. Escrevendo essa carta que você </i>nunca<i> vai receber, eu me sinto livre para tentar outra vez. A vida é risco e consequência, precipício e paraíso. Nem sempre dá pra desfrutar do leite e mel sem passar por uns espinhos no meio da jornada. Mas também é em meio aos espinhos que as rosas florescem. Eu fui ingênua sim, Bê, mas na maior parte do tempo, fui bem mais adulta que você.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>O seu nome ainda está ali. Preenchendo a lista dos contatos no disco rígido do meu celular. Eu espero um dia poder estar completamente sã a ponto de apagá-lo de uma vez por todas. Mas como as teimosas rosas nascem em meio aos espinhos, eu sou teimosa em não arrancar o mal pela raiz. Com você, eu precisei errar para aprender. E espero não precisar errar novamente no próximo ano. Quando o ponteiro de minutos do relógio virar às 23:59 do dia 31 de dezembro, você vai estar arquivado aqui dentro. Mas um dia eu formato isso tudo de vez. Por enquanto vou tentar ser antivírus.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Bê, é um fim de ano, recomeço de outro. As definições de vírus foram atualizadas.</i><br />
<br />
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Voltei pra postar essa carta antes que o ano acabasse. Voltei pra provar que quem é vivo sempre aparece. Voltei ainda pra dizer que estou voltando no início do ano. E pra fechar com clichê e redundância, voltei pra relembrar que, a vida costuma ter as suas voltas. </span></blockquote>
</div>
<div style="margin-bottom: -10px;">
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Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-55696187080107089092017-10-22T15:55:00.001-02:002017-10-22T15:55:57.499-02:00Uma Taverna Medieval no meio da selva de pedra<div style="text-align: justify;">
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<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgROHKVypxJTWbduVbR4MQTFKNKwKhCqRXUPvOg2bThhnhBojxKWYxUEybb3L7PXDjMYWYYp-Rm6rLndISiyQdUsyRLf1gXV_R3vJ6doBrzGdZkj5Llum1Kb9EoxbmMyoX-M54-F7UmBOw/s750/frete.jpg" width="750" /></div>
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<span style="color: #666666; font-size: x-small;">Foto: <a href="http://www.cenamedieval.com.br/">Cena Medieval</a></span></div>
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Com pouco mais de um ano de existência, a Taverna Medieval já conta com mais de mil comentários no Google e uma ostensiva nota de 4,7 estrelas. A dez minutos à pé da estação Vila Mariana, uma hamburgueria temática da Idade Média é algo que eu não poderia ter imaginado que existisse se não fosse, também, por indicação e convite da Andross Editora, que organizou e reservou entradas para uma confraternização entre autores das coletâneas literárias no dia anterior ao evento Livros em Pauta.<br />
<br />
Eu não costumo ser o tipo de pessoa que mais sai para comer fora por motivos de ser anti$$ocial, se é que me entendem. Mas quando eu fiquei sabendo que haveria uma confraternização antes do dia oficial do lançamento das coletâneas eu decidi que queria mesmo participar. E o que partiu de uma vontade maior de interagir com os outros autores e parte da equipe da Andross, acabou se tornando uma experiência muito positiva e divertida. Mais um lugarzinho de SP pra marcar no Google Maps!<br />
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<img src="https://i.imgur.com/78LXD9y.png" width="245" /> <img src="https://i.imgur.com/JLj7TXl.png" width="245" /> <img src="https://i.imgur.com/yJTAwh4.png" width="245" /></div>
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Assim que a gente passa da entrada e fica num local de espera em frente à hamburgueria, a sensação já é totalmente diferente de um restaurante comum: do lado direito, uma rampa desce (e que provavelmente servira de estacionamento num passado não tão distante) e serve de local para atirar com arco e flecha. Em frente às portas de vidro de hamburgueria, os olhinhos já brilham com toda a decoração do interior. Uma moça em frente à uma mesa de madeira estava segurando um livro com nome e me saudou com um "boa noite milady" e pronto, amores eternos à Taverna Medieval. Uma moça loira veio me acomodar junto ao pessoal. Legal mesmo era a roupa dela: um vestido verde musgo e orelhas de elfo.</div>
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Eu cheguei um pouco atrasada em relação ao que tinha sido combinado - porque sim, eu vivo uma briga eterna com o relógio -, mas ainda sim tirei fotos com o pessoal da minha coletânea e meu organizador. Depois, já comendo uma entrada nomeada por Cebolas Recheadas de Tão Tão Distante, o que já estava bom ficou melhor ainda: um casal entrou, usando instrumentos musicais tipicamente medievais - e que, obviamente, eu não sei o nome - e a moça ruiva começou a cantar. Me lembrou de várias músicas celtas e algumas gregorianas que já ouvi. Só que ao vivo é uma experiência totalmente imersiva, se com fones de ouvido eu me sentia em outra época, ali, com ela cantando ao meu lado, era como se eu sequer estivesse mesmo em São Paulo.</div>
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<img src="https://i.imgur.com/C5xVWSt.png" width="750" /></div>
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Ainda pedi uma Poção de Amor pra beber (e por mais 5 reais pude trazer o tubo de ensaio em que ele é feito pra casa), um drink feito com hidromel, morango, limão siciliano e espumante, e mais um Ogroburguer pra comer. Ainda dei uma experimentada n'O Bárbaro, feito com hambúrguer de javali (!) e dei uma bebericada no A Preferida do Samurai Errante, uma capirinha de sake de frutas e açúcar. Quando voltar lá um dia, pretendo comer o lanche que leva um nome um tanto incomum: Camponesa Simples de Nobre Coração que vai Todos os Dias ao Bosque Recolher Lenha, que nada mais é que pernil desfiado com salada de repolho roxo no pão de centeio.</div>
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Eu até queria tentar pedir sobremesa, mas não dava: o hambúrguer é gostoso no mesmo nível que enorme. Saí de lá me sentindo o próprio javali do qual tinha comido e juro que deu preguiça de sair andando até a estação de metrô quando o que eu queria mesmo era deitar e dormir de barriga cheia. E só pra finalizar: se você ainda tiver um dinheirinho antes de sair, aproveita pra investir na caneca de pedra ou nos outros souvenirs no fundo do primeiro andar da hamburgueria. São aquelas quinquilharias de que você nunca vai precisar, mas vai querer todos!</div>
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<img src="https://i.imgur.com/6HGUwF4.png" width="370" /> <img src="https://i.imgur.com/olDTk55.png" width="370" /> </div>
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Acho que por eu ter dito desde o começo que fui na hamburgueria por convite da Andross Editora, já ficou mais que claro o que eu vou dizer, mas caso alguém fique em dúvida: este não é um publieditorial, okay? Eu não recebi nada por isso (mas aceito ainda caso queiram me pagar, hein?) e só estou divulgando porque realmente achei uma experiência bacana e que talvez alguém poderia gostar.</div>
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<br /></div>
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<b>TAVERNA MEDIEVAL</b></div>
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R. Gandavo, 456 - Vila Clementino</div>
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<span style="font-size: x-small;">(a dez minutos da estação Vila Mariana)</span></div>
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<a href="http://www.tavernamedieval.com.br/">SITE</a> | <a href="https://www.facebook.com/tavernamedieval/">FACEBOOK</a> | <a href="https://www.instagram.com/taverna_medieval/">INSTAGRAM</a></div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-31267074982686044582017-10-15T17:10:00.000-02:002017-10-15T17:10:45.703-02:00Como foi publicar pela Andross Editora?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFLOs-zxWQebdOrabmNGuWeuJEqeT4IRwbzhfg8kJii-RegVZo-hvib6jiw1CDxh4_aHd-8clndEh95mJyW1GVDmtN69Rq1oR2MCjHE29_-N2eshil10IVUtWvsilXUEytFbORjyiLfA0h/s1600/IMG-20171015-WA0008.jpg"><img border="0" data-original-height="869" data-original-width="1158" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFLOs-zxWQebdOrabmNGuWeuJEqeT4IRwbzhfg8kJii-RegVZo-hvib6jiw1CDxh4_aHd-8clndEh95mJyW1GVDmtN69Rq1oR2MCjHE29_-N2eshil10IVUtWvsilXUEytFbORjyiLfA0h/s640/IMG-20171015-WA0008.jpg" width="750" /></a></div>
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Quero começar o post pedindo desculpas de novo pelo sumiço dos últimos dias. Minha vida tem sido uma correria nessas últimas três semanas. Trabalho de faculdade, processos seletivos de estágio, entregas de convites pro lançamento do livro... Tanta coisa que eu mal percebi os dias se passarem. Sem contar que a última postagem ainda foi um repost porque eu sequer tinha noção do que postar naquele dia. Eu não prometo voltar com a frequência assídua, mas pelo menos uma parte já se acalmou por aqui.</div>
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Eu não sei se vocês lembram, <a href="http://contopaulistano.blogspot.com/2017/02/boas-coisas-acontecem.html">mas em fevereiro eu participei</a> do Corujandross, um evento organizado pela Andross Editora que consistia em escrever das 22h do sábado até às 06h do domingo. A temática e os gêneros textuais eram livres e as oito horas de produção intensiva de escrita eram mediadas e intervaladas a cada meia-hora pelo editor-chefe da Andross, Edson Rossato. Do final disso, eu decidi enviar um dos três contos escritos nesse dia para a seleção das antologias que seriam lançadas esse ano. E deu certo. Papéis Picados foi escolhido pelo organizador Leandro Shulai para ser publicado no livro Sem Mais, o Amor, uma coleção literária sobre o amor em registros escritos.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtVfeLEQALv0FUzJjBBKKiwWSI-4UYEuHd6UwBtmgddUwP17YzrBt0-Rs3vjktSet0UeTngpUGAaCEUGpmS2XjSxYeg8cJNGNmUTQ4Z-Kvdl8yVLb0-F_umg0w833uTcHIVztcBKEvdInK/s1600/IMG-20171014-WA0008.jpeg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtVfeLEQALv0FUzJjBBKKiwWSI-4UYEuHd6UwBtmgddUwP17YzrBt0-Rs3vjktSet0UeTngpUGAaCEUGpmS2XjSxYeg8cJNGNmUTQ4Z-Kvdl8yVLb0-F_umg0w833uTcHIVztcBKEvdInK/s320/IMG-20171014-WA0008.jpeg" width="250" /></a>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCd8C9cB9tpFH1sG2YY9uN3aWpkbyxHAyT0DlcbW9s74nhonotqOwb25WSvGHXpVlAENOY-FBEaeJGNOfubP3X8FxJufyAdh9NAJ9MSNMXowRx-g2uDHbaud0OwORRpJU0reE4iA8zKK9O/s1600/IMG-20171014-WA0010.jpeg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCd8C9cB9tpFH1sG2YY9uN3aWpkbyxHAyT0DlcbW9s74nhonotqOwb25WSvGHXpVlAENOY-FBEaeJGNOfubP3X8FxJufyAdh9NAJ9MSNMXowRx-g2uDHbaud0OwORRpJU0reE4iA8zKK9O/s320/IMG-20171014-WA0010.jpeg" width="250" /></a>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgewVsWJu6ZhYRdCpcHi18FOzp_5F-lzT7-jLxGY14XpdhUFzehuWgcPyvjZPt2SagnkekYvPmtr8Rpd9ZH6bL5qb7M2ZHpgR4-_4I4jcrX3ttoVOueQtEhDV8NThMRLuUSBsGr4Nk6Xeb0/s1600/20171014_150955.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgewVsWJu6ZhYRdCpcHi18FOzp_5F-lzT7-jLxGY14XpdhUFzehuWgcPyvjZPt2SagnkekYvPmtr8Rpd9ZH6bL5qb7M2ZHpgR4-_4I4jcrX3ttoVOueQtEhDV8NThMRLuUSBsGr4Nk6Xeb0/s320/20171014_150955.jpg" width="234" /></a> </div>
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<span style="font-size: x-small;">1- Crachá de identificação do evento. | 2- Livro em que meu conto foi publicado. | 3- Eu e Leandro Schulai, organizador e selecionador dos contos.</span></div>
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O lançamento foi ontem como parte do evento Livros em Pauta organizado pela própria editora num espaço alugado próximo à estação Vila Mariana. Eu cheguei pouco depois das 13h e fiquei até o final do evento, que foi encerrado quase às 21h depois do Prêmio STRIX que premia os contos mais relevantes de cada coletânea lançada no ano passado.<br />
<br />
O espaço acabou ficando pequeno para o volume do público que compareceu. Eu troquei autógrafos com vários outros autores que também publicaram em Sem Mais, o Amor e até já adicionei alguns amigos pelo Facebook. Alguns amigos compareceram, leram meu conto e foi a primeira vez que eu me senti reconhecida por algo que eu gosto tanto de fazer que é escrever.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyrlh99TTN8W5wzuQ06kdMnwdqMhBHZ0HtT0zTnkFeC_Ssks6hBeKgnELRJ2hfXJf48UNl6C0nNQYEsmiHBLq0V17UD21GOM77EoU3SfYUY_BcewVQR0ogw4gREyVZy9NJyL84h-fmi2Gu/s1600/20171014_152117.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyrlh99TTN8W5wzuQ06kdMnwdqMhBHZ0HtT0zTnkFeC_Ssks6hBeKgnELRJ2hfXJf48UNl6C0nNQYEsmiHBLq0V17UD21GOM77EoU3SfYUY_BcewVQR0ogw4gREyVZy9NJyL84h-fmi2Gu/s640/20171014_152117.jpg" width="750" /></a></div>
<br />
O que mais me impressionou é a dedicação e o cuidado que a Andross tem por cada autor. O Edson fica relembrando a importância de cada um de nós e o Leandro sempre falando da imortalidade do papel que passamos a ter a partir de agora. Isso sem contar a confraternização prévia de autores que aconteceu numa hamburgueria temática da Idade Média e serviu para aproximar ainda mais os autores, mas isso eu prometo que comento numa postagem própria depois.<br />
<br />
Como parte do contrato, cada autor precisa vender uma cota única de 20 exemplares e no momento eu ainda tenho 12. Então, se você quiser adquirir algum, me manda um e-mail (selma.c.barbosa@gmail.com) ou uma mensagem via <i>inbox</i> no meu Facebook (link no gadget sobre mim) que a gente conversa melhor. Só antecipando: o preço do livro é R$21,90 + frete, ok?</div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-31036473609166915082017-10-01T11:05:00.000-03:002017-10-01T11:05:55.732-03:00Velha história<div style="text-align: justify;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeA53xUUYQrR71UX5BgNJmLQKiMWdskZKsXfS4x5Jr6zq7LW6p_c61hGQ7T_WPRbDlvBy2mPbebd6B3Z_1GBi0imfA1jKz3lqamdn3y0_L2n6cPyZ8_WViPFcpsQQvOprReBiTN7rTR3VT/s1600/kaboompics_Fruit+basket.jpg"><img border="0" data-original-height="853" data-original-width="1280" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeA53xUUYQrR71UX5BgNJmLQKiMWdskZKsXfS4x5Jr6zq7LW6p_c61hGQ7T_WPRbDlvBy2mPbebd6B3Z_1GBi0imfA1jKz3lqamdn3y0_L2n6cPyZ8_WViPFcpsQQvOprReBiTN7rTR3VT/s640/kaboompics_Fruit+basket.jpg" width="750" /></a></div>
<br />
Sob a touca cinza, possuía cabelos desgrenhados num tom cinza-claro que disputavam a cabeça enrugada com outros poucos fios marrons. Os olhos azuis-piscina envoltos por pálpebras cansadas de anos de trabalho continham um brilho de realização. Andava com ajuda de uma muleta que em sua haste havia pequenas flores artificiais em tons lilás. "Só pra deixar a vida mais colorida", me dissera com um sorriso frouxo. Usava uma calça jeans desbotada que já mostrava marcas do tempo e algumas patinhas enlameadas aqui e acolá demonstravam que o senhor tinha um cachorro, que por sinal era muito bagunceiro. Nos pés, usava um All Star vermelho também com sinais de gasto: um notável rasgão despontava próximo ao calcanhar esquerdo e um remendo no pé direito havia sido feito com tecido xadrez e linha branca grossa, o que deixava sua aparência um tanto quanto cômica. Fazia frio lá fora e tentando vencer o vento gélido que teimava em nos alcançar, o velho usava um suéter de lã num tom marrom sujo, do tipo de quando a gente mistura várias cores pra ver no que dá.</div>
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Carregava uma pequena mala de couro à tira-colo e um radinho de pilha no bolso. Um colar de São Francisco ia no pescoço e uma barba curta terminava por descrever aquela figura desconectada da realidade do mundo moderno. Em plena sexta-feira, sentara-se ao meu lado no trem, e meio sem jeito, mas confiança na voz se apresentou.<br />
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- Meu nome é Manoel. - Estendera sua mão enrugada em minha direção.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Retirei meus fones do ouvido, já que eles estavam num volume tão alto que mal pude ouvir o velho se apresentar, e meio por impulso ou educação, estendi minha mão em direção à dele, que o levou aos lábios num beijo suave.</div>
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<br /></div>
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- Prazer, Suzana.</div>
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<br /></div>
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- Filha... Esse era o nome da minha filha.</div>
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<br /></div>
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- Ah... - Foi tudo o que consegui pronunciar diante de uma revelação que não dizia respeito a mim, pelo menos não diretamente.</div>
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<br /></div>
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- Só que ela não era tão bonita... Acho que é porque tinha puxado ao pai! - sorriu largamente.</div>
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Uma péssima mania minha era a de imaginar crianças em idade adulta e velhos em sua juventude, e bem, digamos igual às moças da época do velho, ele devia ter sido um pão!</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Imagina! Se ela ter herdado do seus olhos azuis, já posso imaginar o quanto ela deve ser bonita.</div>
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<br /></div>
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- Devia, você quer dizer... E muito obrigado pelo elogio. Deve haver algumas décadas desde que não recebo um.</div>
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<br /></div>
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- Exagero seu, imagino. E desculpe-me pela petulância, mas... Porque devia?</div>
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<br /></div>
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- Perdi minha família há dois anos no Camboja. Minha filha Suzana era minha princesa mais adorada. Foram todos de uma vez só... Minha esposa Madalena, e meus filhos Fernando e Lucas. Todos... Imagina como é sentir seu coração sendo arrancado de você e esmagado com os pés. Agora multiplique essa dor por umas vinte vezes. Deu pra imaginar? - E me dizia com ar choroso, e o olhar vago num ponto distante ao horizonte.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Sim... Imagino como deve ser difícil para o senhor. Mas Camboja? Deve ter acontecido há muito tempo, pois o senhor tem até um sotaque brasileiro. Não me parece em nada com um visitante cambojano. - Falei na casualidade que a conversa proporcionava, porque em toda minha vida jamais havia conhecido um cambojano, que se dirá saber como é o sotaque de um.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Éramos brasileiros! Quer dizer, somente Madalena e eu. Nossos filhos foram feitos por lá mesmo... - E nessa parte havia me dado um tapinha camarada nas costas e tinha uma expressão maliciosa no rosto. - Fomos ao Camboja em nossa viagem de lua-de-mel. Nos casamos muito jovens e mesmo com nossa família nos insistindo, e até pagando pra nós irmos pra Paris, falamos que queríamos uma viagem que realmente valesse a pena e deixasse boas memórias. - "Como se Paris não deixasse boas memórias", pensei meio que desviando a atenção do velho por alguns instantes. - Acabamos escolhendo o Camboja aleatoriamente. Fomos uma vez e nos apaixonamos pelo povo, os costumes, as tradições... Éramos ricos, mas doamos quase tudo. Você deve saber as dificuldades que a maioria dos cambojanos passam. Vivemos a maior parte da vida como voluntários em diversas instituições e ONGs. Quando conseguíamos um trabalho, comprávamos uma quantidade boa de roupa que sabia que nos duraria o suficiente e doávamos o resto do dinheiro. Foi sempre assim. Nossos filhos nasceram já sabendo dividir tudo com todos. Cássio era mais mesquinho e por saber do dinheiro que tínhamos e não usávamos era meio revoltado. Quando fez dezoito anos nos deixou. Pediu dinheiro pra vir ao Brasil e nunca mais voltou. Vive com os avós até hoje e deve ser feliz vivendo a vidinha egoísta do pessoal da socialite. Assim que Cássio nos deixou, uma guerra Civil eclodiu no Camboja, matando milhares de pessoas. Tentaram atacar a instituição de caridade da qual eu fazia parte na época, e todos os homens da comunidade ao redor munidos de armas pesadas foram defender nosso povo dos extremistas. Acabamos por vencer. Cerca de apenas dez sobreviventes do lado (e todos gravemente feridos) de lá e apenas três mortos do nosso lado. Mas o que não sabíamos é que num ato de desespero, vendo a derrota iminente, eles acabaram por colocar uma dinamite no centro da casa onde ficava a instituição. Dezenas de mulheres e crianças morreram carbonizadas naquele dia. Era uma cena deprimente. É como se ainda pudesse sentir o cheiro podre de carne queimada. E ali, naquele momento, colei meus joelhos ao chão, e chorei... Chorei por horas e horas, coisa que jamais tinha feito na minha vida, nem diante de todas as mazelas que vi em minha estadia na África. Porque há famílias que não veem um soldado voltar pra casa vivo, mas eu fui um soldado que voltei e não vi minha família viva. Mas tudo passa, pois não? - Me dizia com ar tenso, mas um sorriso breve esboçava-se no rosto.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- E Cássio? Porque não fala com ele? Pede ajuda, mora num lugar bom, usa roupas quentinhas...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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- Cássio... Que Deus tenham pena de sua alma! É um desconhecido pra mim agora. Ingrato, falou que nunca fui um bom pai. Podia dar de tudo para ele e não dei, o deixei crescer em meio à moleques esfomeados num país de gente pobre. Quanta maldade num coração tão jovem! Esqueci de seu rosto, sua voz, seu jeito. Prefiro esquecer que alguém tão impuro saiu com minha genética ou a de Madalena.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Nossa. Seu... Manoel, não é isso? - Ele assentiu assiduamente com um movimento de cabeça. - Onde você vive agora? Come, dorme num lugar quente, vive seguro?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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- Ah filha, eu moro por aí, em algum lugar ao longe...</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Ah... - De novo não sabia muito bem o que comentar.</div>
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<br /></div>
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De repente, o habitual som de uma nova estação foi tocada no trem e saindo do meu transe pós longa história, acabei por me despedir do senhor. Dois homens de branco esperavam do outro lado da porta ansiosos. Senti o nervosismo do tal seu Manoel, e involuntariamente voltei para perto de si. Senti sua respiração acalmar-se e ele soltar um riso forçado.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Até que enfim te encontramos, hein seu Jorge? - Um dos homens colocava o braço em volta da cintura do velho.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Quem são vocês? Pra onde estão o levando?</div>
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<br /></div>
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- De volta à clínica psiquiátrica, já é a quinta vez que esse maluco nos foge. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então tudo não passava de uma história fantasiosa, uma coisa imaginada por um velho doido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Maluco? - Olhava de relance ora pra o velho, ora para os clínicos.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Sim. O seu Jorge sempre quando foge pega algum transporte público e inventa uma história de vida qualquer pra alguém. Antes de perder a memória e o juízo de vez, ele era um conhecido escritor. Daí dá pra se notar de onde saem tantas ideias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Mas a história dele foi ótima!</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Talvez tenha sido. - O enfermeiro com um crachá que havia escrito Roberto falou com certo desdém na voz. - Mas por falar nisso... Quem é você mesmo?</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Eu sou ahn... A filha dele. Ele fica sob minha responsabilidade a partir de agora. - Falei com mais firmeza na voz do que imaginei que poderia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Seu Manoel, digo seu Jorge, levantou seus grandes olhos azuis em direção à mim e soltou um sorriso contente. Os clínicos, indecisos sobre deixar o senhor comigo, mas sem a mínima vontade de se esforçar pra levá-lo, acabaram por dar de ombros. Seu Manoel ofereceu seu braço pra mim e fomos pra minha casa. Tomou uma grande caneca de café e comeu dezenas de bolachas de maisena. E depois de um banho quente e de eu ter lhe dado roupas quentes, ele pôs uma cadeira próxima à cabeceira da minha cama e contou uma velha história de um pirata que navegou os sete mares num navio de proa de ouro. E foi assim por várias e várias noites. Eu dava-lhe casa, comida e roupa lavada e ele retribuía-me com imaginação e histórias fantasiosas todas as noites, e foi assim até o dia em que sendo maluco como o destino lhe reservara, pegou sua mala de couro e disse precisar ir embora. Colocou as poucas roupas que tinha e as que eu havia lhe dado em sua estadia em minha casa. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Outro dia recebo uma carta num envelope marrom, meio gasto nas bordas, como se já tivesse sido escrito há um bom tempo. Nem precisei ler o remetente pra saber de quem se tratava. Só uma pessoa do mundo tinha aquela letra aristocrática e mania por cartas, afinal que ainda enviava cartas? Seu Manoel... Bem, pelo menos pra mim. Já que eu havia gostado tanto da falsa história de vida dele que acabei por acatá-lá de vez.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<i>"Oi filha, como vai?</i></div>
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<i>Sei que você gostava de ouvir minhas histórias imaginadas, mas tudo que é bom dura o tempo suficiente para ser inesquecível. Voltei pra rua como antigamente, mas não se preocupe que arranjei outra filha postiça de uma ONG aqui do bairro. Eu não sou louco Suzana, fui parar num manicômio por culpa de Cássio. Toda a minha história é real. Mas ele me deixava lá por não querer cuidar do velho pai e assim que soube que alguém - nesse caso, você - se dispôs a me ajudar, a primeira coisa que fez foi acabar o contrato com a clínica. Dizia gastar demais comigo. Acho que ficou feliz, afinal, por mais uma vez ter mais dinheiro a disposição. Enfim, você me salvou. E eu serei eternamente grato por isso.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Do seu velho, querido - e postiço - pai, Manoel Jorge."</i></div>
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<br /></div>
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Involuntariamente, lágrimas teimosas escorreram dos meus olhos. Seu Manoel se fora realmente... Depois da carta foram cerca de três anos sem ter notícia do senhor do trem até que o vi num telejornal daqueles de hora do almoço, com a seguinte manchete "Manoel diz ser o único sobrevivente da tropa brasileira da Guerra Fria." Eu ri. Parecia que ele tinha alguma paixão por soldados e guerras, mas o velho realmente sabia como ser convincente. E quer saber? Mesmo sem conhecer sua história verdadeira - e consequentemente sem saber se seu nome realmente era Manoel -, ele foi o doido mais maneiro que eu já conheci.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<iframe frameborder="no" height="166" scrolling="no" src="https://w.soundcloud.com/player/?url=https%3A//api.soundcloud.com/tracks/143854877&color=ff5500&auto_play=false&hide_related=false&show_comments=true&show_user=true&show_reposts=false" width="100%"></iframe><br />
<div style="text-align: right;">
<span style="color: #999999; font-size: x-small;"><i>*Esse conto é uma repost de meu blog antigo</i></span></div>
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Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-77705401747262381852017-09-17T23:39:00.000-03:002017-09-22T00:37:34.220-03:00Reclama do filme, mas respeita a trilha sonora<div style="text-align: center;">
<img src="http://cdn4.thr.com/sites/default/files/imagecache/landscape_928x523/2014/06/Twilight_a_l.jpg" width="750" /></div>
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Sempre quando falam mal de Crepúsculo se utilizando daquele praticamente único motivo de <i>"qualé, qual vampiro brilha no sol?"</i>, eu ainda sinto a ponta da língua dar uma coçada pra ir lá defender a Stephenie, o ponto de vista dela, por ela ter criado uma outra versão da lenda, de que não existem vampiros de verdade então qualquer um pode inventar o que quiser sobre eles e blá-blá-blá. Só que no fundo eu me seguro, porque acho que já passou da idade de eu ficar discutindo sobre a preferência alheia de filmes ou séries e porque eu tenho que entender que opinião cada uma tem a sua.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas se tem uma coisa que eu não aceito que reclamem é da trilha sonora de toda a saga. Especialmente do terceiro filme/livro, <b>Eclipse</b>, que pra mim, de longe ganha disparado como a melhor seleção de todos os filmes, apesar de não ter a mesma opinião sobre o filme em si. Então, quando eu vi a blogagem coletiva do grupo Blogs Up que sugeria um post com playlist de filme ou série, eu já senti no coração qual seria o meu escolhido. Aquela saga maravilhosa que definiu toda a minha preferência musical. Tarefa difícil, mas consegui escolher minhas músicas preferidas para postar aqui.<br />
<br />
<a name='more'></a></div>
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<h2 style="text-align: center;">
My Love - Sia </h2>
</div>
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<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="380" src="https://www.youtube.com/embed/nhq6xkpMJpA?rel=0&showinfo=0" width="750"></iframe></div>
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E pensar que a Sia surgiu nas paradas com Chandelier, mas eu ouvia a mulher desde 2010. Essa música me passou uma sensação boa desde a primeira vez que eu assisti a cena em que ela é tocada. Não sei o arranjo do fundo, a voz da Sia ou a letra em si, mas eu amo essa música de coração. Ainda vou encontrar uma pessoa pra dividir o amor que é cantá-la.<br />
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<h2 style="text-align: center;">
Leave Out All the Rest - Linkin Park</h2>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="380" src="https://www.youtube.com/embed/yZIummTz9mM?rel=0&showinfo=0" width="750"></iframe></div>
<br />
A música que me fez conhecer Linkin Park e que mesmo eu não sendo tão aficionada à ouvir rock com frequência, me fez ter várias músicas deles nas minhas playlists. A letra dessa música é bem forte, mas muito triste porque declara a fraqueza do personagem, o que acabou ficando ainda mais evidente do que aconteceu com o Chester...<br />
<br />
<h2 style="text-align: center;">
All Yours - Metric</h2>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="380" src="https://www.youtube.com/embed/Lx9rIOcSAXc?rel=0&showinfo=0&start=28" width="750"></iframe></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
Lembro de terminar Eclipse e assistir todos os créditos enquanto essa música tocava. Inclusive ainda esse ano, enquanto eu ficava naquela dúvida eterna do que ver na Netflix, eu coloquei o filme só pra pular direto pro final e ver ela tocar. Uma pena porque parece que a banda nunca mais lançou nada.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<h2 style="text-align: center;">
Bittersweet - Ellie Goulding</h2>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="380" src="https://www.youtube.com/embed/YysA79k4gfY" width="750"></iframe></div>
<br />
Vou falar a verdade e dizer que nem dei tanta atenção a essa música quando ouvi pela primeira vez, mas foi ela tocar nos meus fones no volume máximo que eu senti a mágica. É quase como ser transportada para outro mundo. Eu pensei que era a única, mas pelos comentários desse vídeo no YouTube eu percebi que não.<br />
<h2 style="text-align: center;">
Heavy In Your Arms - Florence + the Machine</h2>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="380" src="https://www.youtube.com/embed/V_eOmvM-4zc" width="750"></iframe></div>
<br />
E pra fechar com chave de ouro, meu amor, Florence, que eu só fui começar a ouvir mesmo em 2011, mas que já era parte das minhas tentativas de cantarolar refrões em inglês um certo tempo antes. Eu amo esse clipe, mas amo ainda as cenas em que essa música é tocada.<br />
<br /></div>
<div style="margin-bottom: -20px;">
<a href="https://www.facebook.com/groups/blogsup/"><img src="https://scontent.fcpq1-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/14199766_629441023895199_1743453392560484754_n.jpg?oh=f6817bad1b1b069a46ba3826e5bad040&oe=5A46FFA9" width="750" /></a></div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-40746574196370568912017-09-17T17:40:00.000-03:002017-09-20T23:55:21.259-03:00Café requentado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjcv33E8zW24YsUgvFpiAnIgDIXr8B9tNr1l6IXvsEgiaOslAnRG0cUg-HiaQ_z9c2XpU2K0Fg7llzS5aD_HeW_Z_brn9KAv6SQajh9ldg6rL_MbZPSdzeCVmjtFq_u_CPydt0E4p7tmTU/s1600/kychan-101396.jpg"><img alt="" data-original-height="500" data-original-width="750" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjcv33E8zW24YsUgvFpiAnIgDIXr8B9tNr1l6IXvsEgiaOslAnRG0cUg-HiaQ_z9c2XpU2K0Fg7llzS5aD_HeW_Z_brn9KAv6SQajh9ldg6rL_MbZPSdzeCVmjtFq_u_CPydt0E4p7tmTU/s1600/kychan-101396.jpg" title="Photo by kychan on Unsplash" /></a></div>
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</div>
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Era a oitava vez no dia em que pensava sobre o dia anterior. Sob o tampo da mesa de centro estava a xícara de café requentado, uma revista de fofocas entreaberta e seus pés cansados envolvidos numa infantil meia de lã. O brilho luminoso do decodificador da televisão marcava duas horas da manhã e ele, olhando fixamente para o teto verde água, já havia perdido as contas de quantas vezes viu os faróis dos carros lá embaixo que reluziam nas paredes do apartamento atravessadas pelo vidro da janela.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um gato miou no apartamento vizinho e ele saiu do transe em que estava para ouvir a filha de dois anos ressonar risonha em seu quarto. O berço de madeira barata rangeu reclamações sob o peso da criança antes que tudo se acalmasse novamente. O silêncio da madrugada o cercou intenso e houve um pequeno sobressalto quando uma brisa fria cruzou parte da cortina que cobria a janela e fechou repentinamente a revista sobre a mesa.<br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Olhando para a penumbra de sua sala, com as pupilas dilatadas pela escuridão em que se encontrava, o rosto dela lhe viera à mente. O corpo. O cabelo. O sorriso. A voz mansa. Maturidade que não condizia com a pouca idade. A mania de sacudir o cabelo a cada vento que lhe batia o rosto ou de rir sozinha sempre que se via refletida nas vitrines das lojas. Conversava asneiras com inteligência e falava de coisas sérias com um quê de comédia irônica. Andava suave ao mesmo tempo que pisava firme como se nada mais lhe importasse além daquele único momento. Distribuindo-lhe bom dia, partiu ligeira e deixou saudade. Já era a nona vez no dia em que pensava sobre o dia anterior.<br />
<br />
Envolto nas quatro paredes daquele perímetro escasso do apartamento, ele escondia sob a lente do óculos um casamento de quatro anos que já se encontrava fracassado. Um namoro idealizado demais na perfeição e uma filha não planejada. De todos os erros, a menina risonha tinha sido o menor deles. Mas ali, sentado no sofá numa madrugada fria da segunda-feira e acompanhado de um café requentado junto à uma revista jogada no chão, ele sentia-se indeciso. Amor? Esse acalento que sentia toda vez que a via balançando o cabelo, tal qual no dia anterior, poderia ser amor? Ou era mais uma peça que a vida lhe pregava?<br />
<br />
A porta de seu quarto grunhiu e sua esposa saiu. Cambaleante e desnorteada rumo ao banheiro. Aproveitou o momento oportuno e a seguiu até a cama. Ela suspirou manhosa envolta nos braços dele enquanto se cobriam com o edredom herdado da avó dela. E ele, todo esperançoso, manejou o corpo esguio da esposa e a olhou no rosto. Tentou. Procurou. Esforçou-se. Não havia o calor apaziguante. Não havia o acalento ou a liberdade. Quando havia deixado de ser amor? E o porque o tinha sido? Pensou na esposa ao seu lado e no apartamento minúsculo. Olhou para a aliança que reluzia em seu anelar esquerdo, o retirou e o colocou silenciosamente na escrivaninha ao lado da cama. Pensou na filha loira e risonha do quarto ao lado e se arrependeu. Pôs a aliança no mesmo lugar em que o dedo já havia se acostumado ao acessório.<br />
<br />
E voltou a pensar no dia anterior. O corpo. O cabelo. O sorriso. Aquele bom dia amigável que lhe iluminava cada espaço dentro de si. Cheio de café requentado no estômago, sentia-se gelado por dentro com uma indecisão que lhe sacudia a alma. Em que momento aquilo ao seu redor perdera o sentido? O amor é mesmo finito? Mas e aquela promessa de eternidade clamada em voz alta diante do sacerdote, de nada valera? Com uma interrogação que lhe pressionava as têmporas, era a décima vez em que pensava sobre o dia anterior. E já não tinha mais nenhuma opinião formada sobre o amor.</div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-28839789596356489672017-09-10T22:42:00.000-03:002017-09-11T21:20:47.223-03:00Ainda bem<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwAsz17oWtbnOOehgDzhg1tfRxz7KRuuid1hEtYY4dtacjGHukJ3xlIeMMOWZhFyVtBbMidUKajjXpnpVhTxS3kHaqN98tTvF6k1B9pSPK_lNu2TQbyKXV1jogWtZFMIZvLqsrtq134UH0/s1600/girl-2616818_1280.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwAsz17oWtbnOOehgDzhg1tfRxz7KRuuid1hEtYY4dtacjGHukJ3xlIeMMOWZhFyVtBbMidUKajjXpnpVhTxS3kHaqN98tTvF6k1B9pSPK_lNu2TQbyKXV1jogWtZFMIZvLqsrtq134UH0/s640/girl-2616818_1280.jpg" width="750" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Ouça enquanto lê <a href="https://www.youtube.com/watch?v=Pmt01TGsGGA">Ainda Bem da Marisa Monte</a></i></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu quase cheguei a desacreditar no amor. Os textos sobre ele se tornaram escassos, os suspiros de felicidade diante de casais apaixonados rarearam e até as músicas melosas daquela pasta vergonhosa que ocupavam parte do disco rígido do meu computador não eram mais tocadas. Se antes o amor era visto até no raiar do dia, o cinza pálido tomou conta da minha visão quando passei a assumir tudo apenas como dádivas do ciclo natural das coisas. Assim, gradativamente, o amor foi se perdendo em si mesmo, sucumbindo aos desejos do fracasso, à força da opressão e ao impulso do medo. Foi isso que mais senti quando quase cheguei a desacreditar no amor. O medo do futuro que se abre. Inexplorável. Ameaçador. <b>Como acreditar em algum sentido da vida sem o amor?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De cabeça baixa, andando pelas ruas num corpo quase inerte enquanto ventos ruidosos chacoalhavam meus cabelos, eu sentia que mesmo de mãos fechadas, o amor escorria pelos meus dedos rumo a um destino sem volta. Sem sua crença, ele não existira, eu não seria eu. Mas então, como que por intervenção divina, você apareceu. Todo sorrisos, conversas inteligentes e perfume amadeirado. E de repente, o amor enroscou-se em meus dedos e se fixou como quem não quer sair de perto. E o raiar do dia, aquele que eu já tinha passado à ver pelo lado científico, tornou-se lindo. Virou amor. E eu me tornei toda feita de amor. Éramos ambos amor. Ainda bem que você chegou, senão não haveria esse texto, não haveria eu, não haveria sentido. Eu quase cheguei a desacreditar no amor. Ainda bem que você chegou a tempo.</div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-32455445123247462292017-09-07T10:45:00.000-03:002017-09-09T21:02:35.596-03:00É só amanhã<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIDWDqODhftZvYJgAbzbILZZQi0BGZHL2iiHhIoPEXy37zg6dEUtLc8kcNIxGcTRIH60M1V6o3YM1zVCu3yZnI6QDVtWyCHlMffbwmsACGCYaehRfcqxhu7Re_XwMkYgflnxDb-LNb8AXs/s1600/kaboompics_Wet+spring+garden.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIDWDqODhftZvYJgAbzbILZZQi0BGZHL2iiHhIoPEXy37zg6dEUtLc8kcNIxGcTRIH60M1V6o3YM1zVCu3yZnI6QDVtWyCHlMffbwmsACGCYaehRfcqxhu7Re_XwMkYgflnxDb-LNb8AXs/s1600/kaboompics_Wet+spring+garden.jpg" /></a></div>
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<br /></div>
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Do outro lado da janela ela via as gotas grossas de chuva chocarem-se violentamente contra o vidro e ouvia o vento que uivava ameaçador, vez ou outra fazendo as gotas menores rodopiarem pelo ar livre. Sozinha no minúsculo apartamento, fitava com atenção descomedida a velha mancha redonda de café sobre a mesa branca de duas cadeiras. Lembrava da história de quando havia a comprado, numa liquidação eterna de "é só amanhã" das Casas Bahia. A vendedora robusta unia estilos distintos com seu batom roxo escuro nos lábios e colar com um <i>Om</i>¹ recortado em madeira escura. Hippie e gótica mantinham-se numa linha tênue para ela. De tanta especificação técnica que a moça havia dito que a mesa possuía, ela só lembrava do MDF antimanchas e as dobradiças que a faziam subir ou descer igual às mesinhas das poltronas de avião. No intuito de economizar espaço, ela descobriu que a mesa não cumpria nenhuma de suas funções. Três meses depois de instalada por um moço risonho que veio à sua casa entregar a mesa compacta, ela sucumbiu ao fracasso quando não aguentou a xícara de café quente sobre si deixando um rastro amarronzado na madeira branca e pouco depois desistiu de vez de subir e alinhar-se na extensão da parede. Teimosa, ocupava um espaço precioso do pequeno apartamento, dificultava a abertura da porta e rangia reclamações a cada novo esbarrão em suas quinas. Com a energia elétrica cortada, o silêncio só não se tornara tedioso devido as gotas com seus ruídos díspares. O gato siamês que observava atento à animação em frente à janela, saltou do sofá e ronronou manhoso quando subiu na mesa tapando a mancha de café. Um trovão assustou a ambos, que atônitos, voltaram a atenção para a janela. Ela esfregou a cabeça peluda do bichano e sorriu. Se a mesa funcionasse como devia, a cena não seria possível. Ainda bem que ela não funcionava direito. Animais e coisas se parecem mesmo com seus donos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">¹O <b>Om</b> (ॐ) é o mantra mais importante do hinduísmo. Essa sílaba única, <i>Om</i>, vem dos Vedas. Como uma palavra sânscrita, significa <i>avati raksati</i> – aquilo que lhe protege, lhe abençoa. Diz-se que ele contém o conhecimento dos Vedas e é considerado o corpo sonoro do Absoluto, Shabda Brahman. </span></div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-29163286875980326192017-09-03T10:29:00.001-03:002017-09-03T10:29:43.986-03:00Uma crise de identidade cultural<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS8J67jTUyIKjjKjUVsK-efOKvxhO_JCu_rxVmDBZ3G4FB6iJGkK3QhAt9upj0iQvvHiKuB6L7NZv2IpiU2KuT4KOpNc-Tuqp9ySLIH7BF7007E_xymQYc9ZDVYcbn8Mk59092drufmUYJ/s1600/kaboompics_Books.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS8J67jTUyIKjjKjUVsK-efOKvxhO_JCu_rxVmDBZ3G4FB6iJGkK3QhAt9upj0iQvvHiKuB6L7NZv2IpiU2KuT4KOpNc-Tuqp9ySLIH7BF7007E_xymQYc9ZDVYcbn8Mk59092drufmUYJ/s1600/kaboompics_Books.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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O contato excessivo da cinematografia americana com os adolescentes brasileiros quase sempre se resulta em expectativas exageradas e frustrações que costumam seguir a mesma dimensão. Mesmo que o primeiro semestre de faculdade seja todo mundo meio equivalente – descompensando o fato da idade, experiência profissional e educacional e outras áreas –, todos se olham de soslaio, ansiosos por alguém que decida puxar um assunto aleatório. E o tema é quase sempre o mesmo: nome, idade, trabalho, motivo da escolha do curso, sonhos... E aí entram os professores com suas apresentações e se sucede um novo diálogo de mesmo tema.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
O ponto divergente principal que senti na primeira hora da primeira aula foi a diferença entre os alunos. Idade, assuntos, conquistas. Eu ali, recém maior de idade, com bagagem cultural quase nula – ou pouco relevante – em meio a pessoas que falavam de seus empregos enquanto eu ainda mal concluía o primeiro ano do meu primeiro trabalho, como atendente de lanchonete do McDonald’s. Enquanto muitos tinham suas metas bem estabelecidas – área de atuação de desejo, futuro tema de TCC, objetivos principais com o jornalismo –, eu ainda relatava que estava ali porque gostava de ler e escrever – talvez fosse porque é a única coisa que faço bem de verdade.</div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Numa das conversas de intervalo, uns colegas diziam o que estavam lendo. Saiu Nietzsche. Seguido de Tolstói. Dostoiévski. E alguns outros nomes russos – ou-sabe-se-lá-o-quê – que eu nem seria capaz de soletrar. Eu, já com dezenove anos completos ainda lia literatura juvenil, ainda por cima com gênero sobrenatural para ser o clichê dos clichês. Enquanto conversavam sobre bandas indie-alternativas-desconhecidas-aleatórias eu citava Engenheiros do Hawaii. <i>Como é que alguém ainda se dispõe a dizer que não curte?</i> E em meio a uns e outros <i>cults</i>, fui me sentindo meio deslocada com os gostos ainda juvenis. Uma crise existencial básica, umas contas rápidas, daquelas que estudantes de humanas ainda são capazes de fazer, e eu notei a variável. Os colegas de então tinham acima de 25, um até mais de 30 e eu ainda nem tinha completado as duas décadas. Me fez entender porque todos os nomes lidos em Teorias da Comunicação me encantavam ao mesmo passo que me assustavam.</div>
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<br />
Completado os vinte anos, a crise se esvaiu gradativamente. O livro que carrego na mochila ainda é juvenil: <i>A Hospedeira</i>, de Stephenie Meyer – que ironicamente também escreveu Crepúsculo, um dos livros mais criticados da atualidade e que eu ainda teimo em defender. O caderno novo a cada semestre, canetas coloridas no estojo rosa e os insistentes post-its que teimam em decorar as páginas são os rastros de uma tentativa falha de continuar com o mesmo pique do ensino médio. Mas a faculdade é meio complexa demais para se comparar à época da escola, mesmo que, inadvertidamente, a gente viva tentando comparar ENEM com ENADE. As matérias do caderno nunca são preenchidas por completo, há canetas que nem são destampadas e os post-its sempre sobram deixando uma observação de que – ironicamente – não há tantas observações relevantes a serem levadas em conta. E no final do semestre, haja xerox, haja paciência, haja xingamento e haja oração para aguentar a correria do prazo que está logo ali por culpa do velho “ainda tem muito tempo”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Por alguns bons meses eu fiquei desesperada por não conseguir ler todo o pessoal que se dedicou tanto a construir boa parte do que é a base do que será meu futuro em breve, mas com algumas contas básicas, eu me acalmei de novo. Tenho ainda mais alguns anos à frente para sentir vergonha das tramas juvenis. <b>Tudo no seu devido tempo</b>. A única coisa que pretendo nunca mudar em comparação com a receosa Selma que entrou naquela faculdade há alguns semestres atrás é o motivo que a fez dar o primeiro passo: gostar de ler e escrever. Só o que mudou foi a ênfase. Hoje, quando me perguntarem o motivo da escolha do curso, a resposta vai ser breve e certeira: o amor às palavras. Sucinto, breve. Nietzsche e seus amigos de sobrenomes estranhos que me aguardem.</div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-43538148311513430172017-08-26T23:06:00.000-03:002017-08-26T23:07:14.909-03:00A gente até pode ir, mas acaba sempre voltando<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihMw9kfToTUqEhIwHU-_wmB8EW1epF51El6WRVlCJ6rax8RIe1-PDthyUoEuPUkxmHE4Pp0lyh-tt5Y75SBOmWDOwlN5ShbcGSkmS8dppuENEJWKgZ57XSgohIGcZ4cUEvk6blcgH-RvHp/s1600/kaboompics_Roses+of+Bulgaria.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihMw9kfToTUqEhIwHU-_wmB8EW1epF51El6WRVlCJ6rax8RIe1-PDthyUoEuPUkxmHE4Pp0lyh-tt5Y75SBOmWDOwlN5ShbcGSkmS8dppuENEJWKgZ57XSgohIGcZ4cUEvk6blcgH-RvHp/s640/kaboompics_Roses+of+Bulgaria.jpg" width="750" /></a></div>
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Há quase oito meses, quando eu disse no post "de inauguração" que preferia não criar grandes expectativas ou ficar fazendo promessas com esse blog, porque eu tinha (tenho) a péssima mania de sempre acabar me frustrando quando espero demais das coisas. Aliás, acho que é algo comum a qualquer um. Mas enfim. Se eu for arranjar boas desculpas para ter sumido daqui nesses últimos dois meses, bem, eu até tenho uns motivos para os primeiros quinze dias. Veio aquela temida semana de entrega de trabalhos, seguida da de provas e eu simplesmente não tinha cabeça pra outra coisa além de escrever meu nome e a data no cabeçalho de uma folha em branco.</div>
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As férias vieram no dia 13 de junho (sem nenhum exame, ufa!) e daí em diante acabam as desculpas porque não fiz nada e tudo se resume em preguiça e procrastinação, especialmente no último mês, porque ainda por cima estava de férias do trabalho e me dediquei inteiramente nisso (de não fazer nada). Mas, até nos dias em que eu não vi nada do mundo exterior além do que as janelas de casa tornam possível, eu acabei gastando um tempo em algumas coisas (mesmo que inúteis) sim.<br />
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<img src="http://geekness.com.br/wp-content/uploads/2013/12/Breaking-Bad-Movie-Wallpaper-Background.png" style="margin-top: 0px;" width="750" /> 1- Comecei a ver Breaking Bad - Terminei a quarta temporada depois de pular diante de uma cena épica ao mesmo tempo que dois minutos depois estava boquiaberta repetindo um "quê" baixinho para mim mesma. Falta a quinta temporada agora pra ter uma opinião completa, mas resumindo até aqui: <b>QUE 'SÉRIEZONA' DA PORRA</b>.</div>
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<img src="http://www.assistotv.com/wp-content/uploads/2017/03/modern-family.jpg" width="750" /><br />
2- Mais uma comédia pra acompanhar com sorriso no rosto e um eterno "awn" na alma. Modern Family (ainda) não conseguiu tirar o lugarzinho especial de How I Met Your Mother no meu coração, mas já me deu alguns ensinamentos pra vida e me fez apaixonar novamente com a diferença tão grande entre os personagens. Em resumo: <b>uma comédia sem risos de fundo que te faz rir muito? Aqui tá tendo.</b><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN3j811oa_2vHxxvi661QukzVIs3Rbqqj4JWse5hdA-pregOVpYxIJ3PPTGoMYWOtT0DKdNLBOs5mEh4AKuBTrQu_s1aGC-6ddPml0YCN7i2ndxrpm_r_ovygTcA6GWOnrPeGTWDpFZjED/s1600/fotoblogamelie.png"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN3j811oa_2vHxxvi661QukzVIs3Rbqqj4JWse5hdA-pregOVpYxIJ3PPTGoMYWOtT0DKdNLBOs5mEh4AKuBTrQu_s1aGC-6ddPml0YCN7i2ndxrpm_r_ovygTcA6GWOnrPeGTWDpFZjED/s640/fotoblogamelie.png" width="750" /></a></div>
3- Finalmente consegui entrar mesmo num projeto de troca de cartas! Antes tinha enrolado em dois grupos de Facebook, mas quando encontrei esse do blog <a href="http://www.maybeyellow.com/">Maybe Yellow</a> me animei novamente e me inscrevi. Até agora, foram quatro cartas enviadas e duas recebidas (da Califórnia! escrita pela querida Eliane do blog <a href="http://sp-california.blogspot.com.br/">Paulistana na Califórnia</a>).<br />
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4- Em todo esse tempo só li quatro livros: <b>Donnie Darko</b> (que é basicamente o roteiro do filme com uma entrevista do diretor), <b>Quem tem medo do escuro?</b> do Sidney Sheldon. Ambos são bons, mas nada tão grade assim pra um comentário maior e outros dois do Mario Sergio Cortella.<br />
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5- Terminei o primeiro semestre do curso de inglês. Foram só seis meses de pré-intermediário (consegui pular o básico no teste de nível), mas desde então meu vocabulário cresceu de um jeito que nunca tinha conseguido sozinha com estudo autodidata. Algumas pequenas vitórias foram ler meu primeiro livro em inglês e entender vários vídeos do YouTube, mesmo sem legenda. A meta é assistir Friends completo direto sem legenda. Só mais um pouco até lá.<br />
<br />
6- A única coisa útil que fiz foi começar meu processo de primeira habilitação. Que além da utilidade prática e atual, ainda por cima não deixa de ser o primeiro passo concreto para o meu futuro sonho de intercâmbio no programa de Au Pair. Agora eu estou na fase de aulas práticas, depois de com um sorriso de orelha a orelha conseguir gabaritar a prova teórica do Detran, <i>grazadels</i>.<br />
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E pra finalizar, acredito que os próximos posts serão mais pessoais e bobeiras em geral. Porque apesar do nome do blog, tem faltado inspiração pra escrever novos contos. Fases da vida. </div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-42923835453237583392017-05-28T20:24:00.000-03:002017-05-28T20:24:30.323-03:00Lily&Madeleine<div style="text-align: center;">
<img src="http://www.lh-st.com/assets/root/images/artist/lhst/0312_LilyandMadeleineSITE.jpg" width="750" /></div>
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Eu conheci Lily&Madeleine através de um amigo há uns dois ou três anos. Na época ele ainda tinha o próprio blog e de tanto eu postar indicações de bandas e cantores quase sempre no mesmo estilo, ele me indicou a dupla. Engraçado que eu favoritei o link de download do álbum e só quase três meses depois que fui ver. Se soubesse que ia gostar tanto tinha visto na hora.</div>
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Lily e Madeleine Jurkiewicz são duas irmãs de Indiana (EUA) que cantam <i>pop folk</i>. Começaram cantando no ensino médio e graças aos vídeos caseiros que uparam no YouTube, conseguiram apoio de um produtor para gravar seu EP de estreia. Atualmente com mais de 600 mil ouvintes no Spotify, as irmãs tem três álbuns lançados, sendo o mais recente do ano passado.<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="405" src="https://www.youtube.com/embed/videoseries?list=PLprw4RdVB63qkCw2pbtHgbWRlqJ1TyDMo" width="750"></iframe></div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-4088039460013221012017-05-13T14:44:00.000-03:002017-05-14T23:33:29.304-03:00Não acredito em entedimento<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpd1IPmq3Ifcf9yBEhBLk5BiV2EgjDLwRhDQbXYTpHSqpZXPU6B-ix-sbo0N6CGvJwXXLvjOfNdnV2tBv-za8iFyNeHq2hmEVF4FVsH8EPuwPkTLu01ID_dt7ZXlNSYnfAZb-ZyPQ6yL9Z/s1600/Conto+Paulistano+blog+%25282%2529.png"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpd1IPmq3Ifcf9yBEhBLk5BiV2EgjDLwRhDQbXYTpHSqpZXPU6B-ix-sbo0N6CGvJwXXLvjOfNdnV2tBv-za8iFyNeHq2hmEVF4FVsH8EPuwPkTLu01ID_dt7ZXlNSYnfAZb-ZyPQ6yL9Z/s1600/Conto+Paulistano+blog+%25282%2529.png" /></a></div>
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Eu podia escrever no título dessa postagem um simples "Uma carta para minha mãe", mas ia ficar muito vago, meio infantil e não ia conseguir expressar tudo o que eu sempre paro para pensar nessa época – ainda mais esse ano, não sei porque. Atualizando a bio do meu Instagram e a descrição que aparece no Google quando pesquiso pelo nome do blog, surgiu a ideia de me descrever como alguém que ainda não entendeu como funciona a vida adulta. Depois voltei atrás e imaginei que na verdade ninguém entende perfeitamente ou todo mundo finge muito bem, vai lá se saber.</div>
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Num dos episódios da oitava temporada de How I Met Your Mother (e desculpa por falar da série de novo, mas é que só tenho assistido isso, literalmente), Lily e Ted conversam sobre o quanto eles precisam contar a verdade para pessoas que estão intimamente ligadas ao seu redor. Ted não quer contar a Robin que ainda a ama (isso não é spoiler, hein?) e então Lily conta um de seus maiores segredos: a vontade íntima que tem, de só às vezes, poder desistir da maternidade. Passar um tempo fora e esquecer de toda a rotina que a envolve o tempo todo com o bebê. Que mesmo amando o fato de ter originado uma vida, às vezes cansava.</div>
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<img src="https://68.media.tumblr.com/tumblr_lzge63YUXA1qha21xo2_r5_400.gif" width="247" /> <img src="https://68.media.tumblr.com/tumblr_lzge63YUXA1qha21xo3_400.gif" width="247" /> <img src="https://68.media.tumblr.com/tumblr_lzge63YUXA1qha21xo4_r1_250.gif" width="247" /></div>
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Brincadeiras – e chinelos teleguiados à parte –, é difícil quem não tenham uma mãe que tenha dito uma das clássicas frases "um dia eu saio de casa e vocês vão me dar valor". Até a Rochelle disse. Está aí o Chris pra não negar. E enquanto eu via a Lily chorando no telhado de um apartamento em Nova Iorque sobre a dificuldade de ser mãe, eu percebi que isso é outra coisa que ninguém <b>nunca</b> vai conseguir entender ou saber lidar. Você pode até sonhar com um embrulho pequeno e indefeso nos braços por um dia, mas vai ficar desesperado quando simplesmente não ter mais ideias de como fazê-lo dormir ou ficar em silêncio por um minuto. Do mesmo modo que você vai buscar motivos de ele não ter ido bem na escola, quando você tanto ajudou, vai ser esse mesmo ser que vai te fazer sorrir feito boba com um papel manchado de tintas misturadas com um coração desenhado. No meio dele, o seu nome.</div>
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A gente cresce, vem responsabilidades que a gente não aprende a enfrentar durante a escola, já que enquanto isso estamos "perdendo tempo" com trigonometria e a fórmula de Bhaskara (eu falei que não ia precisar dela nunca mais, não foi professor?), mas a maternidade pode, pelo menos em até certo modo, ser planejada. E eu, como a maioria das meninas na infância, que tinha todo aquele ideal romantizado de ser mãe, de trocar fralda, dar papinha, por pra dormir e embalar no colo, hoje entendo bem que diz veemente que não quer ser mãe. <b>Isso é coisa pra gente forte demais.</b> Coisa pra gente que enfrenta às coisas sem entender, que se joga sem ver a altura.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD41lrnVU50pWKm4qwzWdW5HATwPirD9iydfFVcEjysusqbxj7dkVpjnXlf39dKBxggexpWjItvgqq9Iwhezz0IAYBLgF-b1xLn3YDth1WwwQfLDgu4rgYJ_a7rYLZfwGwhn8o4Z-J8Pxk/s1600/pexels-photo+%25281%2529.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD41lrnVU50pWKm4qwzWdW5HATwPirD9iydfFVcEjysusqbxj7dkVpjnXlf39dKBxggexpWjItvgqq9Iwhezz0IAYBLgF-b1xLn3YDth1WwwQfLDgu4rgYJ_a7rYLZfwGwhn8o4Z-J8Pxk/s640/pexels-photo+%25281%2529.jpg" width="750" /></a></div>
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Eu não sou assim. Das férias de julho ao meu ensino de inglês, do tempo "perdido" na internet a onde me imagino daqui a dez anos, tudo é planejado na minha mente. Não anoto em lugar nenhum, nem faço <i>bullet journal</i> ou <i>planner</i> ou qualquer outro item da papelaria que venha a ser inventado. Isso é coisa pra gente organizada demais. Não que eu acabe tendo algumas frustrações ou recalculando algumas rotas durante o caminho, mas no final acaba sendo aliviante fingir que eu tenho algum tipo de controle no destino – o que quase sempre parece ser mentira, mas tudo bem.</div>
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De HIMYM aos dia das mães... Bem, <b>mãe é um ser humano corajoso PRA CARALHO</b>. Assim, escrachado mesmo, porque palavra bonitinha nenhuma consegue sequer expressar a magnitude disso. Porque abdicar de boa parte da vida para criar um novo humano e ser responsável pela formação de caráter dele é uma responsabilidade imensurável. E toda vez que eu revejo as partes memoráveis da minha vida eu penso tudo o que a minha mãe poderia ter feito se eu não estivesse lá. Mas ela me quis. Sonhou com isso e se sentiu especial em cada nova habilidade que eu adquiria.</div>
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Agora, reclamar de uma toalha molhada na cama, uma coisa que eu não acho, uma bagunça no guarda-roupa ou a vontade de largar tudo, é normal. Compreensível. Mãe é tudo igual no fim das contas mesmo. A questão é que a gente não entende. Acho que nem elas entendem direito como funciona toda essa lógica de "instinto de maternidade" que a Discovery Channel tenta explicar. <b>Eu não acredito em entendimento</b>. É coisa que acontece e a gente se deixa levar. Igual crescer. Uma pena que não dá pra decidir se quero crescer. Ou não. Eu ia acabar me arrependendo no final. Ainda bem que mãe decide no nosso lugar.</div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-4898851593487071112017-05-03T07:21:00.001-03:002017-05-03T07:23:05.555-03:00O que aconteceu | Abril 2017<div style="text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQ2XiVf9llbG9HL1jDJ44nxLl07pAavt4bwe6h-s1EKfmBpYsIM5fUQezv0gisZwnUEgRe_iTX0v1nqPLj4-YeaW96QTGzqzOR7TWnasEmmAotLPkarzt-li13LAkxH3NBs4PhOwmvMGRb/s1600/Conto+Paulistano+blog.png"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQ2XiVf9llbG9HL1jDJ44nxLl07pAavt4bwe6h-s1EKfmBpYsIM5fUQezv0gisZwnUEgRe_iTX0v1nqPLj4-YeaW96QTGzqzOR7TWnasEmmAotLPkarzt-li13LAkxH3NBs4PhOwmvMGRb/s1600/Conto+Paulistano+blog.png" /></a></div>
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Esse mês foi uma correria só. Fiquei alguns bons intervalos sem postar e mesmo agoniada com tanto trabalho de faculdade eu não concluí nenhum. No último dia desse mês já começam as provas semestrais e eu não consigo acreditar que logo vai chegar julho e junto dele as minhas férias, tando trabalho quanto da faculdade, finalmente. O planejamento é usar o dinheiro pra tirar a carteira de habilitação e conhecer alguns pontos turísticos de São Paulo, o que provavelmente eu não vou fazer mesmo, mas não custa fingir que sou organizada.</div>
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E o mês correu tanto que é o que menos lembro das coisas que fiz. Das coisas lidas e assistidas lembro porque geralmente os guardo em algum lugar, seja no Skoob, Filmow ou favoritos do navegador, já o que aconteceu realmente fica uma incógnita na mente. Ironia para o nome do marcador que categoriza essa postagem? Sim, mas é o que há pra hoje.<br />
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<h4 style="text-align: center;">
<span style="font-size: 20px;">O que li?</span></h4>
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Li <b>Morto e Enterrado</b>, <b>Morte em Família</b>, <b>Dead Reckoning</b>, nono, décimo e décimo primeiro livro de As Crônicas de Sookie Stackhouse. Três livros no mês! Depois de reclamar em outros posts obre o quão pouco eu estava lendo, finalmente eu subi um pouco mais na contagem.<br />
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<a href="http://obviousmag.org/todo_ouvidos/2016/somos-todos-tedy-mosby.html" style="font-weight: bold;">Somos todos Ted Mosby</a>: A síndrome de Ted Mosby, paixonites eternas e o ponto que devemos chegar – Depois que comecei ver How I Met Your Mother praticamente não falo de outra coisa e claro que o vício não ficou só na Netflix. Passei a pesquisar vários blogs que falaram sobre ela e acabei encontrando esse artigo do Obvious. Ah, e eu amo o Ted, não importa o que digam.<br />
<br />
<b><a href="http://blogentrelinhas.com/wordpress/?p=356">Desafio Lendo o Mundo</a></b> – Um dos meus passatempos preferidos é procurar música de vários países. E por mais que eu tenha várias músicas em inglês que amo, ainda fico fascinada com o tanto de música grega, turca, indiana e italiana que tenho descoberto. Inclusive, várias delas foram parar em minha playlist Internacional no Spotify (compartilhei aqui no fim da postagem). Lendo o Mundo é um desafio literário do blog Entre Linhas como o próprio nome diz, com incentivo a ler pelo menos um livro de cada país.<br />
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<span style="font-size: 20px;">O que vi?</span></h4>
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<img alt="Resultado de imagem para how i met your mother" src="http://br.web.img2.acsta.net/newsv7/16/03/10/14/31/315440.jpg" width="750" /></div>
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Como já era esperado, continuei vendo <b>How I Met Your Mother</b>, foram mais cinco temporadas assistidas e já comecei a sétima. Aprendi a cantar várias músicas da trilha sonora e ainda criei uma "Playlist da Curtição" (Get Psyched Mix, lista que o Barney fala sobre na primeira temporada). Ah, e eu ainda não sei qual meu personagem favorito.<br />
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<div style="text-align: center;">
<img alt="Resultado de imagem para ferris bueller day off" src="https://az616578.vo.msecnd.net/files/responsive/cover/main/desktop/2016/05/13/6359876487154272431840731212_ferris.jpg" width="750" /></div>
<br />
<b>Curtindo a vida adoidado</b>: Depois de tanto tempo falando que queria ver esse filme, desde que o Chris tinha falado dele na série, finalmente eu tirei um tempo pra ver na Netflix. Adorei a cena do musical, e a clássica frase icônica do Ferris: "A vida passa rápido demais; e se você não parar de vez em quando para vivê-la, acaba perdendo seu tempo". <i>#SaveFerris</i></div>
<br />
E eu tentei até o último momento da postagem, mas realmente não lembro de nada que necessite ser lembrado aqui. Fiquem com a playlist só pra dizer que essa postagem teve um final decente.<br />
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<div style="margin-bottom: -20px;">
<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" height="300" src="https://embed.spotify.com/?uri=spotify%3Auser%3A227usonfv6wkf2oeap75ylzva%3Aplaylist%3A4u8a91sD0drI8PBxsdf8ST" width="750"></iframe></div>
</div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-57819310707304823822017-04-29T12:54:00.002-03:002017-04-29T20:05:12.732-03:00"Porque no meu tempo..."<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwv6aSFFzYOj3hu0c7vNDTTEYtcuDYTfHLA_gEOIsJltXR1ZQX5CngDyx19qcixZ7CQtlzZbnYS5rQBpX-zPpv3t6aoCgry8QZFfKj50TSeF-kQQsbF2Woj1rnvB4GM15a-aZ4ZiIQynvS/s1600/ilustra1.png"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwv6aSFFzYOj3hu0c7vNDTTEYtcuDYTfHLA_gEOIsJltXR1ZQX5CngDyx19qcixZ7CQtlzZbnYS5rQBpX-zPpv3t6aoCgry8QZFfKj50TSeF-kQQsbF2Woj1rnvB4GM15a-aZ4ZiIQynvS/s1600/ilustra1.png" /></a></div>
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Nessa última terça-feira eu tive aula da matéria que mais gosto: Jornalismo Digital. Dessa vez o professor explicou como funcionam alguns portais de notícia e a metodologia utilizada por eles e algumas características importantes para que uma mesma notícia seja mais visualizada em site do que em outro. A questão toda dessa introdução é que como atividade no final ele propôs que entrevistássemos uns aos outros partindo de um modelo que ele nos ofereceu dizendo que era uma das melhores formas de iniciar uma entrevista com qualquer pessoa — pelo menos na maioria dos casos.</div>
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Tinha uma questão que pedia para responder qual havia sido o maior feito na vida. Eu fiquei em dúvida e imaginei que nunca tinha feito nada. "Bem, se fosse outro tipo de entrevista, eu poderia dizer que nascer foi um feito, porque minha mãe era considerada estéril quando ficou grávida de mim", eu disse, ainda incerta e pensando em outra coisa pra responder no lugar. "E porque não pode ser isso? Nascer já foi uma vitória, o que vier é lucro", meu amigo disse. E lá se foram os papéis entregues ao professor e eu me sentindo vitoriosa por um feito que eu sequer tive tanto envolvimento assim.<br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
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E depois da pergunta básica do "onde você se imagina em cinco anos?", eu parei pra pensar em quanto os desejos mudaram dos últimos cinco anos pra cá. Lembrei de como a Selma de 14 anos tinha certeza de tudo o que queria na vida, de cada passo e como resolveria cada problema que surgisse em seu caminho. E tive certeza, que se pudesse, aquela menina de lá teria me abraçado, mas pouco depois me dado um tapa na cara a ponto de deixar a marca dos cinco dedos no rosto.</div>
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<img alt="Woman in Grey Shirt during Daytime" src="https://images.pexels.com/photos/37407/woman-bed-female-attractive.jpg?w=940&h=650&auto=compress&cs=tinysrgb" width="750" /><br />
<br />
E isso tudo porque a Selma daquela época idealizou coisa demais, planejou uma lista tão grande de coisas a fazer que a atual mal sabe como ordenar. A Selma de 14 imaginava que a de quase 20 teria decidido boa parte de sua vida e já teria se encaminhado bem por conta própria, mas a menina de hoje ainda sorri feito idiota quando vê o Mate de Carros e ainda sabe de cor todas as falas de O Segredos dos Animais. A antiga achava que faculdade ia ser tudo aquilo que Hollywood vendia pra ela, já a de hoje só quer que o diploma saia logo pra que ela possa respirar por um tempo sem pensar em mais um trabalho pra fazer.<br />
<br />
A Selma de hoje ainda está mais caseira do que nunca foi — coisa que ela jamais imaginaria que acontecesse depois dos 18. Cansada física e mentalmente, ela passa os fins de semana em casa e espera ansiosamente por cada feriado prolongado só pelo descanso merecido. E a companhia eterna dos filmes e séries que se tornaram ainda mais habituais. A Selma antiga se cobrava demais, sonhava demais, imaginava um mundo cor de rosa em que repetia incansavelmente para si mesma "eu não vou me tornar uma adulta como os que eu conheço", porque ela achava que havia escolha. A de hoje já descobriu que não há e que nem adianta reclamar muito, porque essa fase vai demorar a passar.<br />
<br />
Outro dia no Facebook, vi uma postagem sobre Bob Esponja (meu segundo desenho animado favorito, perdendo apenas para Os Padrinhos Mágicos) em que dizia que <b>chega uma época da vida que a gente descobre que se parece com o Lula Molusco bem mais do que se quer admitir</b>. Parei pra pensar em várias cenas do desenho, e veio a constatação: na teoria, eu já me tornei no vizinho rabugento. Pensei que seria risonha e idiota como o Bob Esponja pela vida inteira, mas apesar de o ser na maioria do tempo, lá no fundo, chega uma hora que a síndrome do Lula Molusco atinge a todos.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihzL06jT9vMXQZRz5mBT1TAiCuY_LK15AaLEBk0ThoALigsb92EhiSJntSNYHONeTgNnSr99Qtk-jzKM87PauIa-nn5jKWLiaibJwyjJoKyF5wL25I7F8z5OZiwSXIC4F_hnpkMctyW32b/s1600/Untitled-1.png"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihzL06jT9vMXQZRz5mBT1TAiCuY_LK15AaLEBk0ThoALigsb92EhiSJntSNYHONeTgNnSr99Qtk-jzKM87PauIa-nn5jKWLiaibJwyjJoKyF5wL25I7F8z5OZiwSXIC4F_hnpkMctyW32b/s1600/Untitled-1.png" /></a></div>
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<span style="font-size: x-small;"><i>Não era bem esse tuíte, mas era algo quase no mesmo gênero.</i></span></div>
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Outro dia, passando em frente ao Etapa (escola de cursinhos pré-vestibular) que fica ao lado da minha faculdade, tive que abrir caminho em meio a vários alunos que lotavam a calçada. No fone tocava Selena Gomez, mas na mente, alto e claro soou um "esses adolescentes que não tem o que fazer" e foi como naquele episódio de How I Met Your Mother em que todos contam verdades uns aos outros e eu quase pude ouvir o som de vidro quebrando e eu percebi que me tornei uma velha num corpo adolescente. Só tenho 19 anos. Em várias escalas, eu ainda sou adolescente, mas já falo um "no meu tempo" com muita propriedade e por vezes não consigo entender esses virais de hoje em dia.<br />
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A verdade é que a vida adulta não é legal como imaginávamos, não adianta prometer que não vamos tornar iguais aos que víamos na infância, porque a gente passa a sentir pena porque nenhum deles tiveram escolhas, do mesmo modo que não vamos ter. Mas a gente tem que agradecer porque sempre há um Bob Esponja para nos alegrar e saber que de vez em quando a gente é pra alguém. E a vida vai seguir seu curso, quer queiramos ou não. <b>O foco é só não se tornar um Seu Sirigueijo.</b><br />
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: center;">
E para os apaixonados por quizzes do BuzzFeed:<br />
<a href="https://www.buzzfeed.com/carlosadea/alguns-sinais-de-que-voca-cresceu-e-virou-o-lula-x1p3"><b>Alguns sinais de que você cresceu e se tornou o Lula Molusco</b></a></blockquote>
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Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-52970137337841052332017-04-21T15:47:00.000-03:002017-04-21T15:47:55.907-03:00Escritor nenhum compra<div style="text-align: justify;">
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<img src="http://kaboompics.com/files/upload/o_1ak1ipbtn18vo156v1p37snf165v7_new.jpg" width="750" /></div>
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Estava sentada num banquinho qualquer da praia. Jogada desleixadamente fumando um cigarro barato qualquer enquanto parecia tentar, sem resultado fazer anéis de fumaça tão bons quanto os dos anões da Terra Média. Tinha um cabelo cacheado farto em tons dourados e os olhos acinzentados fitavam a imensidão azul do mar. Rosto pequeno, estatura média e uma boca carnuda adornada por um batom vermelho vivo bem delineado contrastando com a pele clara e bochechas rosadas.</div>
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Sentei, relutantemente, ao seu lado. Mesmo sem querer tentei sentar-me desleixadamente também para parecer mais sociável e passar mais confiança.<br />
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— Oi... – Nenhuma mudança na expressão dela. Nem mesmo um suave levantar de sobrancelhas. - Eu... Sou Vítor.<br />
<a name='more'></a></div>
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— Não perguntei.</div>
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<i>Como assim? Uma filha da mãe essazinha, quem pensa que é pra me tratar desse jeito? Que desgraçada mal-educada! Eu deveria ir embora imediatamente.</i></div>
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— Ahn... Desculpe. – O idiota aqui ainda se desculpa... DE QUÊ?</div>
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De repente, com olhar de pouco caso, ela tirou o cigarro da boca, jogou-a na areia e pisou. A boca parecia ainda mais bonita sem o acessório venenoso. Mas não falou nada. Parecia sentir indiferença sobre eu estar ali e simplesmente continuou a encarar o mar com aqueles enormes olhos cinzas. A expressão parecia cada vez mais infeliz.</div>
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Pensei em levantar-me e ir embora. Com aquela não rolaria nada. Nem um cineminha tosco com um romance qualquer. Mas parecia que ela me prendia com sua aura magnética ou algo assim. Não conseguia me afastar.</div>
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— Você não desiste. – Ela soltou devagar quase sussurrando e sem muita entonação, quebrando o silêncio entre nós e ao mesmo tempo transpassando os comuns e ruidosos ventos praianos.</div>
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Soltei um "hãm?" meio touco e imaginei ter sido inaudível, mas ela havia ouvido pois já começava a formular uma resposta.</div>
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— A maioria dos caras desiste no "não perguntei".</div>
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<i>Ela faz isso sempre?</i>, pensei com uma expressão interrogativa. Parecia que ela havia ouvido meus pensamentos.</div>
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Já ia soltar um "hãm?" duvidoso novamente quando ela me puxou pelo braço e disse para andarmos pela praia.</div>
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Andamos por duas horas, no mínimo, e já me sentia exausto, mas valeria a pena se pudesse ter uma noite com aquela garota linda. Estávamos num ponto em que a praia já era deserta. " Melhor ainda" pensei com uma expressão sarcástica no rosto me certificando que ela não tinha visto. Subitamente ela cortou o silêncio novamente.</div>
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— Aqui está bom.</div>
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Sentei na areia ao seu lado e ela começou a me beijar suavemente com sua boca carnuda. Um beijo doce e quente tocou minha nuca e senti as mãos pequenas tirarem minha camiseta e ela me agarrou forte. Já desabotoava a camisa branca dela quando uma dúvida surgiu na minha mente. Mesmo cheio de tesão, eu deveria perguntar.</div>
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— Porque você disse que eu nunca desisto?</div>
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Ela abotoou a camisa e murmurou "Essa é a parte chata da coisa". A vi remexer no quadril largo e rapidamente apontar um revólver em minha direção.</div>
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— A maioria desiste por eu responder grosseiramente ou por ver esse número de identificação no meu tornozelo.</div>
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Caiu a ficha. Havia acabado de dar uns pegas numa presidiária fugitiva!</div>
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— Passa a mochila.</div>
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E com o revólver ainda apontado pra mim, remexeu na mochila, jogou minha carteira, meu bloquinho de notas e uma caneta no meu colo.</div>
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— Aí estão seus documentos.</div>
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<br /></div>
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Bem, ok. Mas não havia motivos pra me devolver o bloco.</div>
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— Vocês escritores, são uns idiotas, mas são fofos. Talvez eu vire assunto pra um conto qualquer dia. Até.</div>
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E foi embora correndo, rebolando sua bunda farta e jogando seus cachos sedosos ao vento. Fiquei sem dinheiro, sem notebook e mochila, mas tive as melhore três horas da minha vida e ela me deu inspiração, coisa que escritor idiota nenhum compra.</div>
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A campainha toca. Gustavo aparece do outro lado da porta. Meu amigo dos poemas sem rimas sorria abobalhado.</div>
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— Fui assaltado... </div>
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Pensei em mandá-lo à delegacia, fazer um B.O. Mas ele já completava a frase:</div>
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— ... E foi a melhor coisa da minha vida.</div>
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— Me conta. – Puxei-o pro sofá, e sem querer estava sorrindo do mesmo jeito abobalhado.<br />
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<i><span style="color: #999999; font-size: x-small;">*repost do meu blog antigo</span></i></div>
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Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-38370364204192655892017-04-15T17:50:00.001-03:002017-04-15T17:57:37.545-03:00O que são Writing Prompts?<div style="text-align: center;">
</div>
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<img alt="Closeup Photo of Blue Pen Tinted Spiral Notepad Placed Beside Pen Die Cast Car and Coffee Cup" src="https://images.pexels.com/photos/204511/pexels-photo-204511.jpeg?w=940&h=650&auto=compress&cs=tinysrgb" width="750" /><br />
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Eu amo escrever. Provavelmente é a coisa que mais me deixa feliz — depois de feriados prolongados, claro. Mas uma questão que sempre me irrita é o bloqueio criativo. E me irrita ainda mais ler ou ver dicas sobre criar inspiração para escrever e a maioria se volta para o "combo" <i>ler-sair-música-blá-blá-blá</i>, como se isso já não fosse óbvio o bastante, né? Poxa, e quando você é uma pessoa que sai todos os dias às sete da manhã já ouvindo música e lendo, mas mesmo assim não tem milagre que faça vir alguma ideia para escrever?</div>
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É claro que às vezes uma faísca divina me atinge e me vem a loucura na hora de pegar a caneta e escrever. Mas como não é sempre que acontece — e às vezes quando acontece não chega a ser finalizado —, fazia um tempo que eu buscava ideias <b>do que</b> escrever. Sim, algo como caminhos. Iguais os temas de redação que éramos obrigados a fazer na escola. Naquele tempo surgia bem mais efeito ter para onde seguir e resolvi procurar pelo mesmo apoio já velho amigo — ou nem tanto assim.</div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Umas pesquisas na internet e descobri que são chamados de <b>Writing Prompts</b> — ou caminhos de escrita (numa tradução não-literal). Eles podem ser com frases de início, diálogos, questões a serem resolvidas, personagem ou simplesmente temas curtos. É uma lista extensa de ideias e o melhor é que nunca se corre o risco de sair textos iguais, porque os Writing Prompts costumam ser bem sucintos. O chatinho é que a maioria dos sites, blogs e <i>tumblrs</i> que os disponibilizam geralmente são em inglês, mas nada que uma ajudinha do Google Tradutor não facilite, né? Ah, traduzir a página inteira é mais prático. Então eu conheci vários sites e compilei aqui todos os que achei mais úteis:</div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<a href="http://inspiring-bird.tumblr.com/tagged/prompts"><b>INSPIRING BIRD</b></a>: Um Tumblr com algumas dicas de escrita com temas curtos. Daqui saiu a inspiração para escrever <a href="http://contopaulistano.blogspot.com/2017/02/duas-estradas-de-terra.html">Duas Estradas de Terra</a>.<br />
<a href="http://gambiarraliteraria.blogspot.com.br/search/label/exerc%C3%ADcio"><b>GAMBIARRA LITERÁRIA</b></a>: Blog que infelizmente está desativado há quatro anos, mas contém exercícios de escrita variados, que unem imagens, frases iniciais e limites de caracteres.<br />
<a href="http://listography.com/brunamorgan/642_coisas_sobre_as_quais_escrever_/listinha_bem_bonita__proc%C3%AA"><b>642 Coisas sobre as quais escrever</b></a>: Lista que conta também com uma grupo no Facebook, já me ajudou bastante. Devo ter feito uns quatro da lista.<br />
<a href="http://www.ronizealine.com/2013/07/o-que-sao-writing-prompts.html"><b>RONIZE ALINE</b></a>: Esse é meu preferido. Além dos que ela deixou no post, ela tem um eBook que pode ser baixado pelo e-mail e tem cerca de 32 dicas de escrita, de todos os estilos: diálogos, cenas de ação, frases de início. Recomendo!<br />
<b><a href="http://www.dicasdeescrita.com.br/ficcao/10-exercicios-de-criatividade/">DICAS DE ESCRITA</a></b>: 10 exercícios aleatórios de escrita. Não são realmente Writing Prompts, mas são bem desafiadores.<br />
<b><a href="http://www.lendo.org/15-exercicios-para-melhorar-sua-escrita/">LENDO.ORG</a></b>: Eu recomendo esse site por inteiro. Tem dicas de livros para melhorar a escrita e entrevistas com vários autores.<br />
<a href="http://writing-prompt-s.tumblr.com/"><b>PROMPTS DE ESCRITA</b></a> <i>(em inglês)</i>: Tumblr focado só nessas coisinhas abençoadas. Como ele é só escrito mesmo, dá pra traduzir tudo se você utilizar o navegador Google Chrome (não sei como funciona nos outros, hehe).<br />
<b><a href="http://gizmodo.com/tag/writing-prompt">GIZMODO</a></b> <i>(em inglês)</i>: Site que une prompts à imagens. Há fotografias e ilustrações que despertam um interesse em explicar como se chegou aquela situação.<br />
<a href="http://www.writersdigest.com/prompts"><b>WRITER'S DIGEST</b></a> <i>(em inglês)</i>: Blog de ajuda aos escritores com uma página inteiro dedicados aos Writing Prompts.<br />
<a href="http://writingprompts.tumblr.com/"><b>WRITING PROMPTS</b></a> <i>(em inglês)</i>: Esse Tumblr tem dicas para escrita somente em imagens, ou seja, tem que se ter um mínimo de inglês para entender, ou paciência pra ir escrevendo no Google Tradutor.<br />
<b><a href="http://creativewritingprompts.com/">CREATIVE WRITING PROMPTS</a></b> <i>(em inglês)</i>: Esse também é chatinho porque ele até traduz pelo navegador, mas devido à configuração do site, fica meio confuso. São 346 temas de escrita. Vale o esforço de ter um trabalhinho pra traduzir.<br />
<b><a href="http://writers-den.pantomimepony.co.uk/writers-first-lines.php">WRITER'S FIRST LINE GENERATOR</a> </b><i>(em inglês)</i>: Site que gera primeira linha de texto. No mesmo site, dá pra gerar nome de personagem, ideias de plot, locais fictícios, perfil de personagem e exercícios aleatórios. Quase um cardápio completo. Tem um texto do blog que foi feito com base numa ideia dele, o <a href="http://contopaulistano.blogspot.com/2017/01/ecos-ocos.html">Ecos Ocos</a>.<br />
<b><a href="http://www.creative-writing-now.com/short-story-ideas.html">CREATIVE WRITING NOW</a></b> <i>(em inglês)</i>: São 44 temas, de ideias com três elementos, a desafios pessoais de redação criativa. Daqui do blog, <a href="http://contopaulistano.blogspot.com/2017/02/acredite-em-sua-sorte.html">Acredite em Sua Sorte</a> foi escrito com base em três (sim, três) prompts de escrita diferentes.</blockquote>
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<div style="text-align: center;">
Ufa! Depois de tantos links com tanta ideia, não tem mais desculpa pra não escrever, hein?</div>
<div style="text-align: center;">
Um conto, um poema, uma crônica ou o início de um livro. Quem sabe não nasce a faísca literária? </div>
</div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com35tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-79424155844723349192017-04-10T11:21:00.000-03:002017-04-10T11:21:15.212-03:00Tic, tac, tic...<img src="https://scontent.fgru5-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/17361599_1536589666351381_4333520953929479119_n.jpg?oh=cf5c32e3897b5b5304189ac28a7c2e79&oe=5968A1EF" width="750" /><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Eu percebi que a situação estava definhando quando o relógio parecia estar com os ponteiros imóveis. Calmos e silenciosos, a ânsia de vê-los rodar novamente fazia com que eu imaginasse seu ruído em minha cabeça. <i>Tic-tac</i>. Alto, claro e insuportável. <i>Tic-tac</i>. Fazia alguns dias desde que a reclusão em um ambiente tão familiar parecia a decisão certa a se tomar. Os objetos pessoais, a televisão companheira e um gato de pelúcia encharcado de pó desde o último Natal eram parte de um cenário que ainda me agradava. Só uma voz irritante e intermitente que ainda sussurrava meio inaudível que o que eu fazia a mim mesma era errado. As duas últimas visitas ao psicólogo, evitei. Achei desnecessário ir de novo relatar problemas e neuras que ele não sabia como era passá-los, coisas que ele só havia aprendido na teoria e que para mim, não fazia sentido que ele entendesse algo. <strong>A primeira semana passou calma, as outras duas foram divertidas, na quarta semana eu não tinha mais ideia do que fazer. Na quinta semana, o relógio parou.</strong> Foi como se o próprio tempo tivesse parado, se a vida lá fora houvesse silenciado e minha alma, num corpo já decrépito, ousasse manter-se animando alguém que já desistira da vida. Por um breve momento, eu lembrei da época de escola, do primeiro emprego e o namorado nerd do primeiro semestre de faculdade. Deitada no sofá de tecido preto com manchas de uso, eu olhava para o relógio enquanto sentia o pulsar do peito, ouvia o tic-tac falso em minha mente e <strong>um impulso louco de correr desesperada mesmo sem um local específico como destino.</strong></div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Lembrei de meu pai, com cabelo grisalho caindo-lhe pelas têmporas, a barba por fazer e os olhos sempre tristes quando repousavam em mim a culpa da morte de minha mãe ainda no parto. Ele preferira não explicitar esse pensamento, porque no fundo eu a lembrava e ele me amava por isso. Mas no dia em que meus primeiros demônios apareceram, que as vontades de sumir do mundo pareciam querer superar a de tentar ainda, mais uma vez, aguentar a insanidade da vida real, meu pai me disse, com olheiras profundas e lágrimas que lhe molhava o rosto, que <strong>talvez eu não estivesse pronta pra viver</strong>. Que eu tinha a alma de minha mãe e queria mudar o mundo de uma forma que minhas únicas duas mãos humanas não seriam jamais capazes de fazer. "Você não pode tomar conta de tanta gente de uma só vez, comece preocupando-se com você", ele disse numa manhã de sábado enquanto me servia chá de camomila. <strong>A esperança de que o chá me acalmasse se foi quando eu simplesmente passei a murmurar para ele as mesmas frases que as vozes me diziam</strong>. <em>Incapaz</em>. <em>Inútil</em>. <em>Assassina</em>. A cápsula de cor indecifrável continuava no pequeno compartimento da aliança do dedo anelar, ainda esperando o momento certo para a desistência final. Na geladeira, com papel que sobrou do saco de pão, havia um "mamãe me amaria" ainda com minhas letras trêmulas. Com a mão esquerda, eu então puxei a pílula do pequeno espaço e coloquei embaixo da língua, ainda com receio do que viria a seguir. Olhei para o relógio dourado por mais alguns segundos e engoli a pílula, sentindo o gosto metálico do conteúdo. A visão ficou anuviada, o corpo protestava. Pensei ter ouvido o ruído sonoro do relógio agora real, mas já estava em meio a uma transição entre duas dimensões diferentes. Chamei "Mamãe? Mamãe?", mas só o silêncio parecia perpetuar por ali. <strong>Quando senti o coração desistir da luta e parar de bater, eu me arrependi brevemente</strong>. O relógio voltaria a bater e o psicólogo entenderia, mas eu desisti porque já havia cansado. <em>Incapaz</em>. Talvez não fosse errado o que me encorajavam a fazer. <em>Inútil</em>. "Mamãe me amaria". <i>Mamãe me amaria?</i> Acredito que não. Quando a penumbra me envolveu a alma eu ouvi um baque oco contra o tapete da sala. O relógio provavelmente caíra no chão e se espatifara em estilhaços múltiplos. <em>Assassina</em>.</div>
<br />
<div style="margin-bottom: -10px;">
<a href="https://www.facebook.com/groups/interativese/"><img src="https://scontent.fgru5-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/17264641_1530399050303776_691567576586797713_n.jpg?oh=d6ae5f22133e653b1eaadab0eacbe5e3&oe=596AF258" width="750" /></a></div>
<span style="font-size: x-small;"><em> </em></span><br />
<span style="font-size: x-small;"><em><blockquote class="tr_bq">
Gente, não estou conseguindo responder os comentários, me desculpem. Prometo atualizar todos no máximo até o fim de semana.</blockquote>Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-68800728677766911682017-04-06T20:54:00.001-03:002017-04-06T20:54:03.549-03:006 on 6: Abril | Céu <div style="text-align: center;">
<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4QOr5Cr3P0TqZF4x3QtbdwcK3N0TdApudFZcQaqAgyGzH6cXa1QvXc05lehtfnJTS80_lXIhTe7p4l5sB6fmrC9zXCHXKDUVVbDKpL8bMQU_vfBMVyl7HHu3LCaotjXKvwPTOjIFqGGE/s640/pronjeto.jpg" width="750" /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: justify;">
Acho que 6 on 6 ou qualquer uma de suas variações foi um dos primeiros projetos que conheci na blogosfera desde que comecei a postar, isso lá pelo fim de 2012. Sempre quis participar de um grupo, mas achava que sem uma câmera legal o resultado não ia sair bacana e eu não tinha criatividade para um projeto fotográfico. Acontece que, depois de um tempo eu li uma frase que dizia algo como "a câmera não faz o fotógrafo" e me senti mais animada pra participar de algum projeto desses.<br />
<br />
O convite veio da Amanda Hauane, do blog <b><a href="http://desacrediteii.blogspot.com.br/">DesAcreditei</a></b> e na hora eu aceitei. Não me considero sequer uma fotógrafa amadora, mas ter um projeto especial para postar algumas das visões que tive por aí é sempre válido. O tema que ficou acertado por todas as meninas foi céu e eu realmente espero que tenha conseguido passar um pouco de um dos fenômenos mais incríveis da natureza.<br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE0GiiDS4lV55rk9zsKhtZFvAASmjTUAez9vfUFX4E1F0yUoo5EVYVYEHzyQumK7L7TivAhNCqIFSXP5APnT4MJ1orwQZDa_PAzmJftf5RYLYBVFNwoZ50ylWd3hHiIkHTLEYJX-l3seZ1/s1600/20170309_170530.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhE0GiiDS4lV55rk9zsKhtZFvAASmjTUAez9vfUFX4E1F0yUoo5EVYVYEHzyQumK7L7TivAhNCqIFSXP5APnT4MJ1orwQZDa_PAzmJftf5RYLYBVFNwoZ50ylWd3hHiIkHTLEYJX-l3seZ1/s640/20170309_170530.jpg" width="750" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Eu sei que a primeira foto nem tem foco para o céu, mas essa casa é tão linda que acho que é até aceitável o fato dela ter tomado um pouquinho conta da foto. Nesse dia, eu andei quase cinco quilômetros, conheci várias ruas e alguns bairros de São Paulo que nunca tinha passado e ouvi uma entrevista de Anavitória na rádio. Acho que não poderia ter sido melhor.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQTv5_RVlq4UelxPHvBzEuDYygJzrII8KuVFvSaa77ITsWKCWQkLtk3Y_zcmOSprIzwPJtm60hj98YWxoejh6k12w4ahtnKO-irp2Jcpz8hAsRjHaMlY1JCQsu2zLKVgCVjX-kPBzNT0L2/s1600/20170322_072217.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQTv5_RVlq4UelxPHvBzEuDYygJzrII8KuVFvSaa77ITsWKCWQkLtk3Y_zcmOSprIzwPJtm60hj98YWxoejh6k12w4ahtnKO-irp2Jcpz8hAsRjHaMlY1JCQsu2zLKVgCVjX-kPBzNT0L2/s640/20170322_072217.jpg" width="750" /></a></div>
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Quando eu digo que prefiro o frio mas amo o sol quase todo mundo fica com uma cara de "Hã?", mas eu amo o brilho solar exatamente nesse momento, no início da manhã, assim que saio de casa. Sempre saio meio emburrada, querendo dormir mais um pouco, mas parece que quando o sol esquenta o rosto, o efeito é mais promissor que café. Além de vitamina D é puro ânimo. Amém sol.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw4h22ydTrBoxLa5tTRkIn9jPxLLjFv4pMOCAwO5pB1iFoJ0RCkaxmIm4g0tC5b7FPzj9UK_osaqoJifLGnwwan4rdWHWn0KvlkEgQGT8H1yOqv1giS2LwtCc6T6-xF4pFTqbgW5fWhIH5/s1600/20170323_110520.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw4h22ydTrBoxLa5tTRkIn9jPxLLjFv4pMOCAwO5pB1iFoJ0RCkaxmIm4g0tC5b7FPzj9UK_osaqoJifLGnwwan4rdWHWn0KvlkEgQGT8H1yOqv1giS2LwtCc6T6-xF4pFTqbgW5fWhIH5/s640/20170323_110520.jpg" width="750" /></a></div>
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Foto tirada da vista da janela do refeitório do meu trabalho com a vista de um dos lugares que mais amo em São Paulo, o Vale do Anhangabaú. Apesar de na foto eu ter dado foco ao céu, quase toda semana tem alguma foto com o Teatro Municipal inteiro (aquele amarelo no canto inferior da foto).</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXpsKYjPyCUBSKAitBRmrKuuZFjGGnClnPbMyuj9HpPciag-9kugcJJxt64O3G4OmfcJsBwh0aseMU6xB78-5rLVrZYlIQUAhVKHRO32JHYbhARyXiqHBx_sQy5LKzhh2R3REvoSdvP-ES/s1600/20170325_074246.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXpsKYjPyCUBSKAitBRmrKuuZFjGGnClnPbMyuj9HpPciag-9kugcJJxt64O3G4OmfcJsBwh0aseMU6xB78-5rLVrZYlIQUAhVKHRO32JHYbhARyXiqHBx_sQy5LKzhh2R3REvoSdvP-ES/s640/20170325_074246.jpg" width="750" /></a></div>
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Um outro ângulo da vista que tenho do condomínio sempre que saio de casa. Nesse dia o sol estava coberto pelas nuvens e o efeito escurecido das construções ao redor deixou o céu ainda mais em foco, o que foi um resultado incrível até pro meu celular de câmera simples.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjH5X-yrAt3HzVH4B-hU0Ki5T_fCeaikVi-fX7URKhgE6DPzXur_cqGKV1TizJjA6xMfqhmyqLiQJ3vk5opRygqP3Xx8k4eFo87U_tCyHosQraDvvsIAj-ZkPDTRG5vsu523olNg9Xrtv3/s1600/20170325_102334.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjH5X-yrAt3HzVH4B-hU0Ki5T_fCeaikVi-fX7URKhgE6DPzXur_cqGKV1TizJjA6xMfqhmyqLiQJ3vk5opRygqP3Xx8k4eFo87U_tCyHosQraDvvsIAj-ZkPDTRG5vsu523olNg9Xrtv3/s640/20170325_102334.jpg" width="750" /></a></div>
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Eu realmente amo quando o céu fica assim. Uma época até sabia o nome específico desse tipo de nuvem, mas prefiro chamar de flocos de algodão. A foto foi tirada em frente ao lugar em que faço curso de inglês num sábado por volta das dez da manhã.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq-PJor5HZWbweccX_C-d19_Z9xIJ3H1iAw4UWy0ZvmU9geSiA8P0N4yZRmKt9GNx9fP3BulIiODrgncWkcLER-y8dV6orWIFZhRqCKQ3rt__T9zBjHU6KUF7LD-K4jwGDr8IWdCCmh3O_/s1600/20170405_073103.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq-PJor5HZWbweccX_C-d19_Z9xIJ3H1iAw4UWy0ZvmU9geSiA8P0N4yZRmKt9GNx9fP3BulIiODrgncWkcLER-y8dV6orWIFZhRqCKQ3rt__T9zBjHU6KUF7LD-K4jwGDr8IWdCCmh3O_/s640/20170405_073103.jpg" width="750" /></a></div>
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Essa foi tirada ainda ontem, assim que eu saía de casa também. Tentei em várias fotos que saísse só o céu, mas depois de quase seis tentativas, não deu e acabou saindo um pedacinho do prédio.</div>
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<blockquote class="tr_bq" style="clear: both; text-align: center;">
Visite os outros blogs participantes:<br /><a href="https://desacrediteii.blogspot.com/">Amanda Hauane</a> | <a href="http://eusouumpoucodecadalivroqueli.blogspot.com.br/">Mirella Almeida</a> | <a href="http://amandaquerobino.com.br/">Amanda Querobino</a> | <a href="http://echileyoliveirablog.blogspot.com.br/">Echiley Oliveira</a> | <a href="https://byvanessamedeiros.blogspot.com.br/">Vanessa Medeiros</a></blockquote>
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Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com31tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-87821399822574859062017-04-03T21:26:00.000-03:002017-04-05T22:30:59.241-03:00O que aconteceu | Março 2017<img src="http://kaboompics.com/files/upload/o_1b9j1q9ma1mvgkit12q41cvi1hoa7_new.jpg" width="750" /><br />
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<div style="text-align: justify;">
E a primeira semana de sumiço foi concluída com sucesso. Na última semana de março tive que correr com alguns trabalhos da faculdade, fiquei sem internet no trabalho, editei um vídeo com apresentação de fotos para a festinha de aniversário da minha mãe e mal entrei na internet. Acabei falhando em algumas blogagens coletivas por isso, mas vou tentar manter o ritmo em abril de novo.<br />
<br />
O mês de março passou voando, diferente da última semana, que pra mim praticamente se arrastou. Como todos os memes, eu fiquei com medo de dormir no dia 31 e acordar no dia seguinte e descobrir que era 32. Mas o terceiro mês do ano trouxe algumas coisas bem legais e como meus pais e meu irmão fazem aniversário é um mês memorável todos os anos.<br />
<a name='more'></a><br />
<br /></div>
<h4 style="text-align: center;">
<span style="font-size: 20px;">O que li?</span></h4>
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Li o oitavo livro das Crônicas de Sookie Stackhouse, <b>Pior do que morto</b>, e li o que seria possivelmente meu primeiro livro em inglês. Possivelmente porque na verdade é uma versão adaptada e reduzida de <b>Oliver Twist</b> (que é uma história bem triste falando nisso)</div>
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<br /></div>
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<a href="http://www.updateordie.com/2016/07/19/socorro-nao-consigo-mais-ler-livros/"><b>Socorro, não consigo mais ler livros</b></a>: um artigo opinativo super bacana da dificuldade que a gente tem em focar em grandes enredos desde à popularização dos smartphones e a internet em uso diário. Eu comecei a ler achando que tinha um caminho, mas me descobri concordando com tudo. Eu, que chegava a ler em média seis livros por mês, hoje em dia mal passo de dois (não sei se pela faculdade também, mas enfim, queria mesmo chegar a pelo menos quatro por mês).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><a href="http://www.letrasnagaveta.com/2017/03/um-texto-sobre-autoconfianca.html">Um texto sobre autoconfiança</a></b>: Um dos primeiros posts que li em março. Isso ainda no dia primeiro, o texto foi escrito pela Mariana Menezes do blog Letras na Gaveta. E por mais que muita gente deteste livros ou textos de autoajuda, eu sempre acho que eles podem sim dar uma levantada no astral.</div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>"É difícil pra caramba aceitar que nem tudo vai acontecer do jeitinho que a gente quer, na verdade nada ocorre como o planejado. Mas essa é justamente a graça da vida: te surpreender, mesmo que de uma forma ruim. O que te fere hoje, vai ser o que vai te fazer mais forte amanhã."</i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<b><a href="http://www.31demarco.com/2017/03/falando-com-estranhos.html">Falando com estranhos</a></b>: Post do blog 31 de março, sobre as descobertas interessantes que podem ser feitas ao puxar conversa com estranhos. Eu até tenho as minhas ressalvas com isso, mas todas as experiências que tive foram tão benéficas que eu até recomendo. O texto da Marina até convence.</div>
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<br /></div>
<h4 style="text-align: center;">
<span style="font-size: 20px;">O que vi?</span></h4>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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Fiz uma maratona de Um Maluco no Pedaço e vi vários episódios que sequer chegaram a passar no SBT. Vi a primeira temporada inteira e cheguei quase no final da segunda, mas fiquei um tiquinho chateada porque ainda não vi o clássico episódio da <b>dancinha do Carlton.</b><br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<img src="http://d20inc.com.br/wp-content/uploads/2016/03/How-I-Met-Your-Mother-13.jpg" width="750" /></div>
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Eu me rendi aos encantos de <b>How I Met Your Mother</b>! Com preguiça de me prender numa série mais densa com episódios de quase uma hora, eu procurei na internet qualquer uma de comédia com episódios curtinhos. Vi os pilotos de Modern Family e Apartment 23, mas só HIMYM me chamou atenção. Amo cada particularidade dos amigos. E como não se apaixonar por Lily e Marshall? Eu quero um dia ser parte de um casal assim! E cara, isso vai ser <b>legen</b>... espere por isso ...<b>dário</b>!<br />
<br />
<h4 style="text-align: center;">
<span style="font-size: 20px;">O que fiz?</span></h4>
<br />
Fui convidada para publicar um conto em outra coletânea da Andross Editora num livro que vai reunir contos distópicos. Fiquei meio incerta porque nunca me arrisquei nesse gênero, mas até comecei um breve esboço. Vamos ver no que vai dar.<br />
<br />
Tive minha primeira aula prática na faculdade! Eu que detesto ouvir jornal no rádio acabei me surpreendo pelo quanto gostei da experiência. Ainda acho que tenho a voz de um pato gago, mas foi legal sentir o friozinho na barriga de estar no estúdio falando num microfone típico de rádio.<br />
<br />
Fiz uma entrevista de estágio numa rádio há alguns dias e mesmo não tendo resposta se passei ou não, achei que foi uma experiência muito legal já que foi a primeira numa emissora com presença até bem relevante nas cidades em que ela está presente.<br />
<br />
Comecei a participar de um projeto 6 on 6 e estou me sentindo muito <i>bloguerínea</i> por isso. Quinta-feira vão vir as fotos com tema de céu e por mais que eu não seja tão fotógrafa quanto a Lari do blog O Jeito Único, eu acho até que elas ficaram legais.<br />
<br />
Entrei para um projeto intitulado Cartas para Amélie do blog Maybe Yellow em que o intuito é a troca de cartas entre membros de todos as regiões do Brasil, incluindo até alguns que estão no exterior. Pra conhecer o projeto você pode clicar no último gadget do blog. Eu não enviei cartas ainda, mas já selecionei algumas pessoas e pretendo escrever no próximo fim de semana.</div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-91946263540504559372017-03-26T20:50:00.002-03:002017-03-27T17:00:30.534-03:00Pé de vento<div style="text-align: justify;">
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<img src="https://images.pexels.com/photos/287332/pexels-photo-287332.jpeg?w=940&h=650&auto=compress&cs=tinysrgb" width="750" /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Quando Laura passou a pé rente ao meio-fio da praça central, ela sabia que jamais voltaria a ver aquelas ruas de ladrilhos com os mesmos olhos. A igreja de tijolo escuro com os sinos ostentados nas duas torres principais e os vitrais que retratavam cenas bíblicas tinham um lindo efeito multicor sob os raios solares do entardecer. A pequena área de praça dedicada aos brinquedos, com chão de terra batida que quase sempre ficava enlameado em dias de chuva fora responsável por grande parte das suas amizades. Via a si própria, dez anos antes, correndo estabanada em meio aos brinquedos enferrujados. Da cor original só sobrara o velho escorregador vermelho, que também havia guardado os risos de sua mãe, seu pai e seus irmãos. Um só escorregador. Tanta história envolta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Diminuiu ainda mais a velocidade dos passos para apreciar por mais alguns valiosos segundos o prazer de aspirar aquele ar terroso, úmido e sertanejo. Vislumbrou as serras verdes ao redor, o céu límpido azul turquesa e um pintassilgo teimoso que se arriscara a bater asas naquele sol escaldante. O carro preto já estava parado ao lado da estátua de São José, padroeiro da pequena cidade e responsável pelas badaladas ritmadas das 18 horas de cada dia. A venda do seu Maneco, a padaria da dona Neide, a <em>lan house</em> do Gabriel e o posto de saúde com a enfermeira Carla. Cada casa, cada cor. Sabia exatamente quem se ocultava por trás de cada parede da cidade. Sentiria falta disso.<br />
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
Parou ao lado da estátua. Ajoelhou-se diante dela e, meio sem certeza, fez um sinal da cruz como sua mãe lhe ensinara — e como sua avó também o fizera. Sempre alheia à religião que regia a cidade, ela achou que devia um agradecimento ao Santo. Com um apertar de botões, destravou o carro. Levantou-se e pôs a mochila no assento ao lado do seu. Não pôs música porque o dia não era disso. Deu a partida e virou as costas para sua pequena cidade. Ainda teve tempo de olhar furtivamente para trás e aspirar por mais tempo que devia aquele cheiro familiar. Queria levar consigo aquele ar guardado nos pulmões. Quando já havia se afastado da cidade há quase trinta minutos, Laura olhou para o céu ainda límpido e não pôde evitar uma lágrima solitária de rolar pelo rosto. "Obrigado São José", gritou sozinha em seu carro e sorriu. Não seria tão ruim ir para cidade grande.</div>
<blockquote style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
Esse conto é dedicado à minha avó, que faria aniversário no domingo passado, dia 19 de março, mesmo dia dedicado à São José, considerado pelo cristianismo o pai de Jesus. No dia, os nordestinos rezam para o Santo e juram de pé junto que, se chover nesse dia, a colheita do ano vai ser boa.</div>
</blockquote>
<div style="margin-bottom: -20px;">
<a href="https://www.facebook.com/groups/interativese/"><img src="https://scontent.fgru5-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/17191132_1526334240710257_1081421638786214045_n.jpg?oh=4450e4416836549998f5f0f2b3584467&oe=595BEB24" width="750" /></a></div>
</div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com26tag:blogger.com,1999:blog-1438940434923104978.post-48698144433551274892017-03-21T00:00:00.001-03:002017-03-21T00:01:53.810-03:00Filmes que me lembram o outono<div style="text-align: center;">
<img src="https://images.pexels.com/photos/6237/nature-bush-leaf-leaves.jpg?w=940&h=650&auto=compress&cs=tinysrgb" width="750" /></div>
<br />
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Esse ano eu não reclamei tanto do calor como em 2016 - o que obrigatoriamente não significa que não foi tão quente. Todo ano, quando chega em setembro, eu já fico louca esperando por março de novo. Primavera e verão não me agradam em quase nada - a não ser a sensação boa que é sair de casa com um solzinho quente pela manhã. O problema é depois da nove horas ele já está insuportável e eu volto a reclamar. Então, fevereiro ter passado tão rápido foi um susto seguido de um alívio porque chegou o outono. Ainda bem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Eu vi esse tema de blogagem coletiva no grupo <a href="https://www.facebook.com/groups/interativese/"><b>Interative-se</b></a> e achei que seria bom listar alguns filmes que me lembram o outono. Fato é que alguns dele nem se passam nessa época, mas eu sempre acho que qualquer filme com fotografia mais quente, com cenas em floresta e uma música <i>indie</i> com pegada de uma guitarra ao fundo sempre fica com esse ar. Todos os filmes aqui listado eu vi, então diferente do post <a href="http://contopaulistano.blogspot.com/2017/02/5-filmes-que-voce-precisa-ver-em-2017.html">5 filmes que você deve ver em 2017</a>, esses eu recomendo e não quero só relembrá-los pra mim mesma. Ah! Acho que exceto Amélie Poulain, esse post podia também ser intitulado como "filmes que (quase) ninguém viu".<br />
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: center;">
<h2>
Sei que vou te amar (The Black Baloon)</h2>
</div>
<div style="text-align: center;">
<img src="http://br.web.img3.acsta.net/videothumbnails/15/09/08/20/38/516008.jpg" width="750" /></div>
<br />
Com um título desses, é bem provável que vocês acreditem que seja um filme de romance com um clichê bom de Sessão da Tarde, mas não é. O filme retrata a vida cotidiana de uma família americana com dois filhos adolescentes, sendo que um deles tem um filho especial, com autismo. A trama se desenvolve a partir do dia em que a família se muda para uma nova vizinhança, a mãe da família está grávida e eles tem que lidar com as reclamações dos vizinhos sobre os barulhos que Charlie, o filho que tem autismo, fica fazendo para se entreter. Thomas tem 16 anos e precisa tomar conta do irmão mais velho e lidar com o preconceito dos colegas enquanto tentar ganhar o coração de Jackie, uma nova amiga da escola. Esse filme é tão lindo que convenci meus pais e um casal de tios a assisti-lo. O que me lembra do outono é uma cena no lago com os três protagonistas.<br />
<br />
<h2>
<div style="text-align: center;">
O fabuloso destino de Amélie Poulain</div>
</h2>
<div style="text-align: center;">
<img src="http://movethatjukebox.com/wp-content/uploads/amelie-poulain_4.jpg" width="750" /></div>
<br />
Enquanto eu via várias pessoas repostando ou usando alguma foto da Amélie como ícone de perfil no Tumblr, eu só imaginava sobre que fabuloso destino essa moça teria. Só fui assistir mesmo o filme no fim do ano passado, mais especificamente no dia 31 de dezembro, já que no dia seguinte ele ia sair do catálogo da Netflix. Me apaixonei desde o primeiro segundo propriamente dito da trama. A Amélie é o tipo de pessoa que eu queria me tornar: focada em coisinhas simples, momentos do dia a dia e pessoas profundas. O que me lembra do outono no filme talvez seja a fotografia quente ou por ser em Paris. Porque Paris me lembra o outono. Mesmo não tendo motivo nenhum pra isso.<br />
<br />
<h2 style="text-align: center;">
Brilho de uma paixão (Bright Star)</h2>
<div style="text-align: center;">
<img src="http://ap1.alchetron.com/cdn/Bright-Star-film-images-1b5daf20-0654-4ed3-bc24-ef1ee00816e.jpg?op=OPEN" width="750" /></div>
<br />
Esse eu peguei emprestado com um amigo há uns sete anos e acabei gostando tanto que eu copiei pra mim. O filme é de 2010, mas a trama se passa na Londres de 1818. Fanny Brawne conhece seu vizinho poeta John Keats. Fanny costura suas próprias roupas e John passa o dia em meio aos livros escrevendo seus poemas. Quando Keats conta para ela sobre seu irmão doente, os dois se aproximam mais e Fanny descobre um amor verdadeiro, mas que se torna cada vez mais obsessivo e turbulento, até ter fim de uma forma prematura. O filme é baseado na vida real do poeta John Keats e tem uma fotografia e figurino de encher os olhos. É protagonizado por Ben Whishaw, que atuou em 007, A Garota Dinamarquesa e um dos meus filmes preferidos — e que logo quero ler o livro que o originou — Perfume - A História de um Assassino. O que me lembra do outono? Tudo. Simples assim.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<h2>
O Jardim Secreto (The Secret Garden)</h2>
</div>
<div style="text-align: center;">
<img src="https://nypdecider.files.wordpress.com/2016/03/secret-garden-kids.png" width="750" /></div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<br />
Eu li o livro que originou o filme por volta de 2008, se não me engano. Lembro que fiquei com um sorrisinho de canto de boca durante a leitura inteira e ele foi o primeiro livro que me abriu as portas pra uma imaginação tão fértil — e que até então nem eu sabia que tinha. Eu lembro do amor que eu tive pela Mary desde o começo, mesmo ela sendo um tanto quanto irritadiça, a menina tinha atitude e não se deixava abalar quando suas vontades eram proibidas. Vivendo em Liverpool, na Inglaterra, depois de toda uma vida na Índia, ela descobre que não será mais tão mimada como era, mas que com a força da amizade, ela vai ter um local secreto para se entreter no novo lugar e fazer coisas que jamais imaginara. O filme é de 1993, mas a fotografia e o figurino são bem fiéis à época que se passa no livro — no início do século XX — e também o jardim retratado são as coisas que me lembram o outono.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<h2>
O invisível (The invisible)</h2>
</div>
<div style="text-align: center;">
<img src="http://s.glbimg.com/og/rg/f/original/2010/08/04/o-invisivel.jpg" width="750" /></div>
<br />
Esse filme também peguei emprestado com um amigo. O título e a capa do DVD com um "dos produtores de O Sexto Sentido" me deixou meio preparada para o que viria. Acreditei ser um filme de terror e acabei errando sumariamente. Ele retrata a vida de Nick Powell, um jovem que sonha viajar para Londres para aprimorar sua escrita e que tem que lidar com a reprovação da mãe quanto ao seu dom. Nick é estudioso, correto, mas vende gabaritos de provas e trabalhos para ganhar dinheiro. Sem envolver-se em encrencas acaba sendo alvo de Anne Newton por conta de um erro de um amigo seu. Espancado e abandonado no meio de floresta, Nick é dado como morto, mas ele percebe que na verdade está num limbo, entre o mundo dos vivos e dos mortos e vai precisar contar com a ajuda de sua "quase" assassina para saber como retornar. Melhor que o enredo é a trilha sonora. E o que me lembra o outono é principalmente as cenas de floresta e as cenas finais na represa.<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<div style="margin-bottom: -20px;">
<a href="https://www.facebook.com/groups/interativese/"><img src="http://i.imgur.com/DujJBkk.png" width="750" /></a></div>
</div>
</div>
Selma Barbosahttp://www.blogger.com/profile/14500339681377033575noreply@blogger.com27