Nessa última terça-feira eu tive aula da matéria que mais gosto: Jornalismo Digital. Dessa vez o professor explicou como funcionam alguns portais de notícia e a metodologia utilizada por eles e algumas características importantes para que uma mesma notícia seja mais visualizada em site do que em outro. A questão toda dessa introdução é que como atividade no final ele propôs que entrevistássemos uns aos outros partindo de um modelo que ele nos ofereceu dizendo que era uma das melhores formas de iniciar uma entrevista com qualquer pessoa — pelo menos na maioria dos casos.
Tinha uma questão que pedia para responder qual havia sido o maior feito na vida. Eu fiquei em dúvida e imaginei que nunca tinha feito nada. "Bem, se fosse outro tipo de entrevista, eu poderia dizer que nascer foi um feito, porque minha mãe era considerada estéril quando ficou grávida de mim", eu disse, ainda incerta e pensando em outra coisa pra responder no lugar. "E porque não pode ser isso? Nascer já foi uma vitória, o que vier é lucro", meu amigo disse. E lá se foram os papéis entregues ao professor e eu me sentindo vitoriosa por um feito que eu sequer tive tanto envolvimento assim.
E depois da pergunta básica do "onde você se imagina em cinco anos?", eu parei pra pensar em quanto os desejos mudaram dos últimos cinco anos pra cá. Lembrei de como a Selma de 14 anos tinha certeza de tudo o que queria na vida, de cada passo e como resolveria cada problema que surgisse em seu caminho. E tive certeza, que se pudesse, aquela menina de lá teria me abraçado, mas pouco depois me dado um tapa na cara a ponto de deixar a marca dos cinco dedos no rosto.
E isso tudo porque a Selma daquela época idealizou coisa demais, planejou uma lista tão grande de coisas a fazer que a atual mal sabe como ordenar. A Selma de 14 imaginava que a de quase 20 teria decidido boa parte de sua vida e já teria se encaminhado bem por conta própria, mas a menina de hoje ainda sorri feito idiota quando vê o Mate de Carros e ainda sabe de cor todas as falas de O Segredos dos Animais. A antiga achava que faculdade ia ser tudo aquilo que Hollywood vendia pra ela, já a de hoje só quer que o diploma saia logo pra que ela possa respirar por um tempo sem pensar em mais um trabalho pra fazer.
A Selma de hoje ainda está mais caseira do que nunca foi — coisa que ela jamais imaginaria que acontecesse depois dos 18. Cansada física e mentalmente, ela passa os fins de semana em casa e espera ansiosamente por cada feriado prolongado só pelo descanso merecido. E a companhia eterna dos filmes e séries que se tornaram ainda mais habituais. A Selma antiga se cobrava demais, sonhava demais, imaginava um mundo cor de rosa em que repetia incansavelmente para si mesma "eu não vou me tornar uma adulta como os que eu conheço", porque ela achava que havia escolha. A de hoje já descobriu que não há e que nem adianta reclamar muito, porque essa fase vai demorar a passar.
Outro dia no Facebook, vi uma postagem sobre Bob Esponja (meu segundo desenho animado favorito, perdendo apenas para Os Padrinhos Mágicos) em que dizia que chega uma época da vida que a gente descobre que se parece com o Lula Molusco bem mais do que se quer admitir. Parei pra pensar em várias cenas do desenho, e veio a constatação: na teoria, eu já me tornei no vizinho rabugento. Pensei que seria risonha e idiota como o Bob Esponja pela vida inteira, mas apesar de o ser na maioria do tempo, lá no fundo, chega uma hora que a síndrome do Lula Molusco atinge a todos.
Não era bem esse tuíte, mas era algo quase no mesmo gênero.
Outro dia, passando em frente ao Etapa (escola de cursinhos pré-vestibular) que fica ao lado da minha faculdade, tive que abrir caminho em meio a vários alunos que lotavam a calçada. No fone tocava Selena Gomez, mas na mente, alto e claro soou um "esses adolescentes que não tem o que fazer" e foi como naquele episódio de How I Met Your Mother em que todos contam verdades uns aos outros e eu quase pude ouvir o som de vidro quebrando e eu percebi que me tornei uma velha num corpo adolescente. Só tenho 19 anos. Em várias escalas, eu ainda sou adolescente, mas já falo um "no meu tempo" com muita propriedade e por vezes não consigo entender esses virais de hoje em dia.
A verdade é que a vida adulta não é legal como imaginávamos, não adianta prometer que não vamos tornar iguais aos que víamos na infância, porque a gente passa a sentir pena porque nenhum deles tiveram escolhas, do mesmo modo que não vamos ter. Mas a gente tem que agradecer porque sempre há um Bob Esponja para nos alegrar e saber que de vez em quando a gente é pra alguém. E a vida vai seguir seu curso, quer queiramos ou não. O foco é só não se tornar um Seu Sirigueijo.
E para os apaixonados por quizzes do BuzzFeed:
Alguns sinais de que você cresceu e se tornou o Lula Molusco
uhauha eu já nasci um lula molusco, sou bem rabugenta e odeio gente muito feliz e que fala alto demais huahua
ResponderExcluirA vida adulta chega de uma forma bem abrupta e esmagadora, também não me sinto pronta, apesar de já ser adulta. Não dá para se acostumar, e não entendo como muitas pessoas já parecem se adequar a tantas responsabilidades e rotinas maçantes :c
Com amor,
❤ Bruna Morgan ❤
UHAUSHUAHSUAHSUAS. O FOCO É NÃO SE TORNAR UM SEU SIRIGUEIJO! P E S A D O, MAS REAL. uasuhauhsua. É engraçado mesmo como a vida toma rumos que as vezes não imaginamos. Com a pergunta, você viajou cinco anos e viu isso tudo. Se eu parar para viajar apenas 1 ano atrás e analisar. TUDO MUDOU. E assim continuará sendo.
ResponderExcluirACESSO PERMITIDO. ♥
www.acessopermitido.com
Olá!!
ResponderExcluirEu amei demais esse texto ❤ Eu amo ler sobre pessoas falando de faculdade, porque eu ainda nem acredito que eu realmente estou na faculdade hahaha e por mais que eu não faça jornalismo, eu amo ler sobre jornalistas em formação, porque tem tudo a ver com a minha área, você sabe.
Em alguns aspectos, nós sempre fomos e talvez sempre seremos lula moluscos. Há de se pensar se isso nos atrapalha ou ajuda, e se atrapalha, é sempre bom mudar!
Descobrir que está virando uma adulta é revelador. Pra mim, me assusta demais, mas espero que você enfrente isso com mais coragem e elegância do que eu.
Beijos!
Se Esse Mundo Fosse Meu
Oi Selma, primeiramente, saudades daqui, a internet aqui de casa não está colaborando muito, na faculdade não tenho tempo para acessar a internet e no meu trabalho eu não posso e também não tenho tempo.
ResponderExcluirEu também sei todas as falas de Segredo dos Animais e o Mate de Carros é o personagem mais engraçado daquele filme.
Lembro que quando comecei a conversar com o José (meu namorado que na época era meu amigo), eu contei a ele todos os planos que eu tinha para a vida e que eu disse que em 2018 estaria formada e que em 2019 estaria morando sozinha. Estamos em 2017 e acabei de para meu curso e comecei outro, não tenho muito tempo nem previsão para sair de casa, bom, eu tenho uma previsão, mas não para morar sozinha. E às vezes fico pensando o quanto o rumo que a vida tomou é melhor do que o que eu planejei.
Não sei se ser o Lula Molusco está te fazendo mal Selma, se estiver, se jogue, mude, arrisque. Agora se estiver fazendo bem eu fico muito feliz.
Bom domingo pra ti :*
Toda vez que eu falo "no meu tempo" para meus alunos de 13/14 anos, acho que eu fico uns segundos parando pra pensar no que isso realmente significa... realmente, a idade adulta chegou e eu não estou nem um pingo preparada.
ResponderExcluirAcho que eu não sou 100% lula molusco, mas tô bem longe de ser bob esponja. Já perdi a paciência pra algumas coisas e muitas vezes ligo o "f*da-se" no máximo e deixo acontecer...
A Andrea de 5 anos atrás tinha as mesmas vontades da Andrea de hoje e isso me faz pensar se eu realmente estou correndo atrás do que eu quero ou esperando que elas apareçam na minha frente...
Adorei o post!! ^_^
Lendo esse post me lembrei de uma frase do novo seriado do Netflix, Girl Boss: "A vida adulta é onde os sonhos vão para morrer". Ainda não decidi se gosto ou não da personagem principal, mas adorei a série e tem muito pensamento por lá que eu penso igual! E cara, se for parar pra analisar, a vida adulta não se parece em nada com aquilo que eu imaginei. Assim como a Selma de 14 anos, a Kimberly de 14-15 anos também imaginou um mundo cor de rosa, onde com 18 anos já estaria longe de casa, seria independente e faculdade seria as mil maravilhas, porque afinal, é o curso que amo, né? Errado. Com a rotina e cobranças, até aquilo que amamos e uma vez era hobby começa a desanimar. Nem criar só por achar bonito eu posso mais na faculdade hahah "Tem que ter ciência por trás daquilo que cria" e uma pesquisa científica com no mínimo 20 páginas e uma pilha de livros pra dar embasamento à coleção. Claro que pesquisa é importante, estimula a criatividade, mas só na universidade mesmo pra transformar algo legal em um bicho de sete cabeças. E agora que você fez referência ao Lula Molusco, percebi que me transformei mesmo nele! haha Não só eu, como meu namorado também. Percebi que todas as vezes que a gente vai pro centro ou pro shopping ele reclama da quantidade de gente e da geração 2000 zanzando pra todo lado. Mas uns 7 anos atrás, éramos eu e ele lá, tomando smirnoff, me sentindo muito madura por conseguir comprar bebida com 15 anos, fazendo barulho, esbarrando nas pessoas sem querer, andando em grupinho e cheia de certezas sobre a vida.
ResponderExcluirE o meu namorado até comentou esses dias: "cara, teve uma época que andava por aqui e não tinha uma pessoa que não conhecesse, que não cumprimentasse." (até porque a cidade é pequena, então aqui é normal os jovens se conhecerem entre si e um grupinho se sobressair) E percebi no quanto estamos velhos, porque a geração agora é outra haha
http://itskimby.com/
Ai, menina, a vida é tão complicada depois que chega os 16, 18, 20... A gente vai perdendo a graça nas coisas, nas miudezas, mas vou ser sincera em te dizer que ainda sou muito o Bob Esponja, só que mais madura rs. Enxergo os adolescentes se agarrando no meio da rua com uma cara de nojo sem explicação, mas não sei ficar séria por um segundo rs. Acho que minha eu de 14 anos também me daria uns bons tapas na cara, mas eu também daria à ela, porque, senhor, como eu era imatura e sem noção aiuehiauheiuae. Na faculdade infelizmente eu só tenho que concordar contigo. Teoricamente é meu último ano, mas sei que vou deixar a monografia para fazer no ano que vem, então estou só pela metade de 2018, quando não vou mais precisar me cansar mentalmente com matérias insignificantes, professores sem contexto, conteúdos que nunca servirão para a minha carreira ou para o meu futuro. Só tô pelo momento em que alguém vai entregar meu canudo e vou mandar o resto do mundo ir pra pqp, porque, sério, eu não aguento mais aquela faculdade, aquelas pessoas. Enfim, estamos em uma geração complicada, mas ainda assim quero continuar sendo a idiota que ri de piadas internas, faz brincadeiras fora de hora e gargalha alto com bobo esponja. Acho que vou suplicar pra que alguém me dê um belo de um soco quando eu me tornar adulta rabugenta rs.
ResponderExcluirPerdoa o textão e não desiste de mim aeuaheiuh ♥
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