Sabe, há apenas seis meses atrás eu queria me libertar, sair da prisão que parecia aquele relacionamento. Mas observar de fora é sempre mais válido. Agora, aqui, eu consigo ver uma linha do tempo em que nós dois fomos personagens recorrentes. Do lado de cá eu pude ver onde estava o erro. E ele não consistia nas minhas manias obsessivas ou como eu queria estar ao seu lado todo o tempo. O erro não consistia em você não conseguir se concentrar em algo por mais de cinco minutos ou de querer ver sempre o mesmo episódio da mesma série. O erro foi eu não ter percebido seus detalhes antes que fosse tarde. O erro foi você não ter percebido os meus.
Se eu tivesse parado de discutir seus defeitos e tivesse visto a essência de cada pequeno detalhe que estava por trás, talvez – só talvez – tivesse engrenado. E eu não coloquei essa palavra porque esqueci de outra – até porque esse é outro dos meus detalhes. Eu não quero admitir que não deu certo. Porque deu. E funcionou muito bem. Éramos peças boas juntos. Só não nos adaptamos um ao outro. E eu parei para analisar e vi que somos melhor separados que juntos. E isso não é algo da qual precisamos nos chatear.
Só que toda vez que tocar aquela música ou passar aquele mesmo episódio da série que você fazia questão de ver todos os meses, eu vou sorrir feito boba. Quando eu focar minha atenção em mais coisas do que deveria ou quando eu tentar tomar sopa no sofá e derramar em cima do pijama recém-lavado, eu sei que vou lembrar de você. "Você vai acabar derramando a sopa", você me disse com voz mansa, enquanto eu tentei desjeitosamente provar do contrário. O sofá ainda é o mesmo. E a mancha gordurosa daquele dia ainda continua – faltou grana pra mandar lavar. E o apartamento ainda é o mesmo. Só parece muito maior e silencioso. Mesmo que você fosse de poucas palavras, sua respiração já preenchia o vazio da cozinha. E o espaço do meu coração. Que agora está entupido de vácuo.
Nós somos melhores separados. Mas em dias igual hoje, eu sinto falta de você. E tenho vontade de pegar o celular, tal qual uma adolescente, e ligar para jogar conversa fora. Dizer um olá meio incerto e perguntar como vai a vida, mesmo que no fundo eu não me interesse tanto assim. De verdade, eu só quero que você ignore tudo o que eu escrevi. O que aconteceu é que agora há pouco eu estava ouvindo uma música melosa e o relógio acabou de marcar meia noite e quarenta e cinco. Eu tinha acabado de abrir a segunda garrafa de vinho, pensando na falta que teu calor fazia ao meu lado. O que eu não daria por um beijo – daqueles – no pescoço outra vez?
Esse post é dedicado à Mafê do blog Fernanda Probst. De um início de amizade no Facebook e uma mensagem que foi enviada à mim por engano, surgiu a inspiração. Não foi um erro, foi mero detalhe. Obrigada por isso.
Destino, eu chamaria. Incrível o texto que você desenrolou. Eu amei o resultado final, achei doce e maravilhoso. Disse mais nas mensagens. Você escreve lindamente. É doce demais te ler ♥
ResponderExcluirObrigada por nos presentear com esse texto!
Beijo meu,
Mafê
Obrigada Mafê. Pelo comentário e pela inspiração que me deu.
ExcluirBeijo meu pra você ♥
Como faz para comentar quando queremos comentar mas sem saber o que dizer?
ResponderExcluirAchei tão lindo, até me identifico... <3
Já senti isso em alguns posts. Sei bem como é essa sensação.
ExcluirNunca pensei que seria capaz de provocar isso através da minha escrita.
Obrigada pelo comentário e volte sempre!
Beijo ♥
Que lindo. É estranho e lindo quando bate aquele sentimento de saudades de alguém que um dia já foi tudo pra gente.
ResponderExcluirParabéns pelo lindo texto.
Vidas em Preto e Branco
Obrigada Lary!
ExcluirBeijo ♥
Eu me sinto assim em relação a algumas amizades que tenho, me sentia presa. E quanto a me achar melhor sozinha é em relação aos boys que eu já gostei e me machuquei, acabei percebendo que eu fico melhor sozinha do que amarrada em outra pessoa, sabe? Fico muito mais livre e fazendo o que eu mais gosto. Enfim, adorei o texto! Sua escrita e todo o contexto arrasando mais uma vez ;)
ResponderExcluirBeijos!
www.likeparadise.com.br
Obrigada Thami! Sei que como é essa sensação. Às vezes a gente gosta da pessoa, mas percebe que separar é a melhor solução.
ExcluirBeijo ♥
Seus textos, Selma. Aaah, seus textos. Eu senti como se fosse uma carta para mim, como se alguém tivesse recitando pausadamente tudo isso aí.
ResponderExcluirDetalhes, meros detalhes...
Você Pedro, ahh você! haha Que bom que sentiu essa conexão! Bom saber que causei uma proximidade.
ExcluirObrigada pelo comentário!
Beijo ♥
Nossa, que lindo! Desde o começo ao fim! Adorei demais, sentimentos expressos assim, tocam a gente <3
ResponderExcluirUm beijo e sucesso.
www.esteticando-se.com
Obrigada Manu!
ExcluirBeijo ♥
O que da pra falar? A saudade constrói e reconstrói as situações. Não sei se é bom ou ruim. Depende de como você consegue encarar todos os sentimentos que acabam retornando de forma brusca e forte, e deduzo, surpreendente muitas vezes. O problema é saber "somos melhores separados" e continuar sabendo que essa é a verdade e ponto. Pode até doer, continuar arrastando as lembranças por um bom tempo, mesmo que faça os sorrisos e palavras soltas quando você estiver tomando café pela manhã, mas irá valer a pena quando você for lembrar disso tudo por vontade própria e concluir: não me arrependo de nada!
ResponderExcluirCom essa constatação de saber que "somos melhores separados" quase sempre se segue um remorso, um arrependimento e um desejo de que nada tivesse acontecido. Mas nem sempre assim. Não é porque um relacionamento não deu certo que não teve bons frutos. É sempre bom saber balancear os dois lados e ver que apesar de tudo, ainda sobre saudade.
ExcluirObrigado pelo comentário! :)
Restam apenas lágrimas.
ResponderExcluirE mesmo separados, com a certeza de que não funcionariam juntos, ainda sobra saudade. Com ela, as lágrimas teimosas ainda rolam.
ExcluirObrigada pelo comentário! :)
Sabe quando a gente se sente dentro de cada linha? Então... às vezes essa falta que a gente sente incomoda e só queremos colocar para fora, é aí que as palavras nos pegam no colo, aconchegam e fazem da dor uma poesia. Lindo texto! ♥
ResponderExcluirAh, que bom que você se identificou! Escrever - igual desenhar ou cantar - é além da estética da palavra, um refúgio para todas as dores da alma.
ExcluirObrigada pelo comentário!
Me diz como faz pra ser tão talentosa? Essa carta tá incrível e até me identifiquei muito. Quem nunca passou por isso? Consegui sentir cada linha.
ResponderExcluirVocê ganhou uma seguidora, porque estou encantada e admirada com o que leio por aqui.
Beijão
Obrigada Kim! <3 Muito obrigada pelo incentivo!
ExcluirFico muito feliz por ter conseguido que você sentisse exatamente o que quis passar.
Obrigada pelo comentário e volte sempre! :)
Beijão! ♥